"O meu compromisso é claro: pelo meu passado e pelas minhas posições, os portugueses têm a garantia de que, se algum Governo ou Parlamento, no futuro, pretender acabar com o Serviço Nacional de Saúde, escola pública e a Segurança Social pública, eu estarei contra e exercerei, sem hesitações, o meu direito de veto" - garantiu hoje, domingo, Manuel Alegre.
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Na apresentação do seu manifesto à presidência da República - no centro de Congressos de Lisboa - o candidato apoiado pelo PS e BE assumiu-se como o defensor do Estado social, contra "um projecto de revisão constitucional que é um programa de Governo" e o pretende destruir, acusou.
Mas Alegre não se limitou a enviar recados a Cavaco ou ao PSD - "Quero igualmente deixar claro que utilizarei todos os poderes de que dispõe um presidente da República para impedir a liberalização dos despedimentos através da eliminação do conceito de justa causa".
A forma de se enfrentar a crise económica e social foi o fio condutor do seu discurso. "Não podemos ficar reféns de políticas de austeridade recessivas". Nem "nos libertaremos dos credores se não mudarmos o nosso modelo de desenvolvimento baseado em salários baixos", sublinhou para o Governo. Cavaco Silva também foi criticado pelos "silêncios" ou "intervenções sibilinas" que tem feito face à crise.
"A grande arma de um presidente é a palavra". Os portugueses, sublinhou, terão de escolher entre duas personalidades diferentes - uma, sem "preconceitos conservadores"; e outra, contra "as leis que mudaram os costumes em Portugal" - que também fazem uma distinta interpretação dos poderes presidenciais.
"Os portugueses esperam que o presidente fale com clareza nos momentos difíceis. Que não se esconda por detrás de formalismos, ambiguidades e silêncios geradores de equívocos". Por isso, garantiu, se for eleito seguirá os exemplos de Jorge Sampaio e Mário Soares e será fiel "à sua interpretação dos sentimentos do país" - com a referência aos antigos chefes de Estado, Alegre arrancou a primeira ovação da plateia, até porque Soares ainda não declarou o seu apoio.
Além do manifesto, a Comissão de Honra também foi anunciada. São 1600 personalidades de diversas áreas profissionais, socialistas ou bloquistas.Os líderes partidários, Sócrates e Louçã, não estiveram presentes. Esteve Jorge Sampaio que voltou a manifestar confiança nas capacidades de Alegre para o "exercício solidário" do cargo. Os ministros da Saúde, Justiça e Assuntos Parlamentares; deputados do PS e BE; dirigentes da Renovação Comunista e, até, o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, que fez questão de abraçar o candidato.