Coube aos portugueses Mão Morta a difícil tarefa de substituir Rodriguez, o cantautor que deu que falar nos últimos Óscares. Adolfo Luxúria Canibal não desiludiu e deu ao palco ATP uma boa dose de rock cru, a relembrar outras paragens menos "indie".
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Antes mesmo da hora marcada (21.30 horas), já se ouvia Mão Morta, com "Aum", no palco ATP. Pode não ser Rodriguez, um dos nomes mais esperados do cartaz e que acabou por cancelar a sua participação, mas Adolfo Luxúria Canibal teve direito a muito público e muitos aplausos no frio e recôndito espaço do palco da All Tomorrow's Parties.
Com Swans a representarem concorrência direta noutras paragens, os portugueses Mão Morta conseguiram desviar dos palcos mais geograficamente acessíveis uma boa dose de espetadores. Ao cair da noite (e à hora de jantar), os presentes iam sendo conduzidos a compasso fúnebre pelos principais êxitos da banda, que já soma três décadas de existência. Revisitou-se, por exemplo, "Charles Manson" com requinte gutural, a lembrar que a Primavera pode não ter "caído em Praga", mas anda, certamente, pelo Porto.
Daqui, "estacionados" ao pé da praia, cantou-se "Lisboa" e lembrou-se o Cais do Sodré, com a viagem a prosseguir por Budapeste. "E Se Depois?" continuou a apoteose psicadélica que se viveu no palco ATP, seguida de Véus Caídos, a rematar o momento. Apesar de não constarem do "lineup" inicial do festival, os Mão Morta acabaram por mostrar que o velho rock and roll português está vivo, de boa saúde e também tem espaço no Primavera Sound.