Ferreira Torres, o grande derrotado, não foi visto, nem falou sobre o resultado, por estar afónico.
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"O Marco perdeu o medo. É o virar de uma página". Assim se pronunciou Manuel Moreira, do PSD, quando surgiu na sede de candidatura, cerca das 22.30 horas. Nessa altura, já o prédio tinha sido inundado por uma onda laranja, que se estendia às ruas circundantes. Mesmo em frente, do outro lado da estrada, o edifício que acolheu o movimento liderado por Avelino Ferreira Torres (grande derrotado nestas eleições) estava deserto. Ao início da noite, ali reinava a esperança. Mas, à medida que os resultados iam sendo conhecidos, a energia positiva transformou-se em desalento. "Vamos enterrar o passado". Esta foi outra frase-chave de Moreira com um destinatário específico: Ferreira Torres. No exterior, as colunas debitavam a música de Ivete Sangalo, "Poeira" (no caso marcoense, "Moreira"), enquanto os apoiantes agitavam as bandeiras e as caravanas punham a cidade em desassossego.
A população do Marco renovou a maioria do actual presidente, acima dos 43%, agora também com maioria absoluta na Assembleia (AM). Em 31 freguesias, o PSD venceu em 17, mais uma, neste caso ao apoiar um independente. Ter maioria na AM foi destacado por Moreira, lembrando os constrangimentos com que se debate a Edilidade, por culpa da dívida herdada. "São mais de sete milhões de euros! Temos de pagar aos bancos 300 mil euros/mês. E essa quantia vai subir, pois há necessidade de contratualizar um novo empréstimo", adiantou, enfatizando que a nova maioria lhe garante maior margem de manobra. "Feliz" por dar seguimento a um projecto, garantiu que a "aposta no Turismo é para continuar" e que este triunfo foi a "vitória da cidadania".
Lindorfo Costa, o número dois da lista de Avelino Ferreira Torres, deu a cara pelo movimento e reconheceu a derrota. "Ferreira Torres devia estar aqui, mas problemas de saúde impedem-no de o fazer. Está afónico. Não alcançámos os objectivos. A explicação? O povo é que sabe. Terá razões que desconhecemos", afirmou, sem dizer se Torres assumirá um lugar na vereação e se esta derrota será o seu fim político. "Não vou falar sobre isso. Não sei. Eu não tomarei posse na Câmara. Na Assembleia poderei fazê-lo. Cumprimento os vencedores, mas também digo a quem nos apoiou que o 11 de Outubro não é o fim das nossas vidas", declarou, numa noite quente e que terminou com grande foguetório.