Social-democrata renova maioria absoluta, ainda com mais votos do que em 2005. CDU perde lugar na Câmara.
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Embalado por uma "vitória estrondosa", Luís Filipe Menezes afirmou que o PSD deve mudar "rapidamente" de liderança e que o primeiro-ministro, José Sócrates, também deve assumir responsabilidades na "maior derrota do PS numa grande cidade". Além dos socialistas, também os comunistas saem derrotados: Ilda Figueiredo perde o lugar que ocupava na vereação.
Reportando-se aos resultados das legislativas, Luís Filipe Menezes disse que Manuela Ferreira Leite deve deixar a direcção do PSD, à semelhança de outros líderes que tiveram "derrotas frustrantes". Mas não terá Ferreira Leite mérito nas conquistas autárquicas? "Pelo amor de Deus, deve ser brincadeira", ironizou Luís Filipe Menezes. "Tenho muita consideração pela dr.ª Manuela Ferreira Leite, mas esta vitória é do PSD e minha", sentenciou.
O autarca admitiu que Pedro Passos Coelho será uma das figuras da nova geração que veria com bons olhos à frente do PSD. Mas, entretanto, ressalvou: "Eu, como velho, ainda tenho muito para dar ao partido".
Filipe Menezes considerou, ainda, que o seu resultado prova que o PS, a nível nacional, não é imbatível. Basta que a maneira de fazer política do PSD, em Gaia, seja transposta para o nível nacional. "É a vitória de uma ideia de cidade e de uma ideia do país", acentuou. Se este discurso for adoptado por rostos novos [no PSD] a nível nacional, Portugal também pode ter uma esperança e uma alternativa", afirmou Filipe Menezes.
No seu discurso, o autarca também piscou o olho à outra margem do rio Douro: diz que este resultado garante a Gaia o direito de se unir ao Porto para que, em conjunto, os municípios possam liderar a reivindicação de uma distribuição de recursos mais equitativa entre o Norte e o Sul.
E, daqui a quatro anos, Menezes assumirá uma candidatura ao Porto, uma vez que este é o seu último mandato em Gaia? O social--democrata fintou a pergunta, dizendo que pode candidatar-se ao Porto, a Lisboa ou até a Paris...
No PS, imperou a desilusão. Joaquim Couto assegurou que o partido "continuará a desenvolver uma oposição construtiva" e congratulou-se mesmo com o discurso de Menezes, "que vai no sentido do reforço da necessária e urgente colaboração institucional com o Porto".