Rui Moreira, candidato independente à Câmara do Porto, acusou, esta segunda-feira, a ministra das Finanças de fazer "veto de gaveta" para "prestar um serviço" a Luís Filipe Menezes, exigindo que "ponha cá fora", antes das eleições, o relatório sobre a auditoria às contas da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU).
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Porque "o relatório está pronto", responsabilizou "exclusivamente" a ministra Maria Luís Albuquerque pela não divulgação dos resultados sobre a auditoria às contas de 2012 à Porto Vivo, SRU, que abrange o tempo durante o qual presidiu à sociedade. E recordou à titular das Finanças que "já não vivemos numa ditadura".
A propósito, lançou um desafio a Luís Filipe Menezes, candidato do PSD, e a Ricardo Almeida, líder da Concelhia que integra a lista, dizendo que "era bom que pedissem à ministra se não se importa de pôr cá fora o relatório antes das eleições". Tal seria "um ato democrático". Além disso, criticou a Inspeção-Geral de Finanças (IGF) por não ter ainda respondido à sua carta de 5 de setembro, em que pedia informações sobre a auditoria que fez.
"O Estado não pode estar à disponibilidade destas pressões, os políticos não podem fazer este jogo", atacou Moreira, quando iniciava uma visita a Massarelos e a Lordelo.
Rui Moreira entregou, aos jornalistas, as cartas que enviou, sem sucesso, primeiro à Administração da SRU e depois à IGF. Agora, estando "o assunto na mão da ministra das Finanças", lamenta que, "mais uma vez para prestar um serviço a Luís Filipe Menezes, este relatório não venha a lume".
Alertando que estão também em causa muitos funcionários, exigiu que a ministra "ponha cá fora" o relatório que o candidato garante lhe ser favorável. "Tenho direito constitucional a ter conhecimento do relatório e a divulgá-lo em defesa do meu bom nome", defendeu Rui Moreira, recordando que este foi "um tema permanente da campanha eleitoral", usado pela candidatura do PSD, que "aproveitou esta questão para levantar suspeitas". E "o Governo fez disto um processo político".
"Mesmo no tempo do Estado Novo, não havia veto de gaveta relativamente a estas matérias", criticou ainda o candidato independente, estendendo as críticas a outras matérias.
"Não podemos continuar à espera que todas as questões importantes para o país estejam adiadas para depois das eleições", atacou, notando, a título de exemplo, que "não sabemos o que vai acontecer com as reformas ou com o orçamento geral do Estado". Recusando que o país esteja "parado à espera do dia 30 de setembro", o dia depois das autárquicas, garantiu que não vai ficar à espera.
"Na SRU não há SWAP", atirou ainda, concluindo que "mais faltava que, tantos anos após o 25 de Abril, ainda haja governantes que pensam que podem utilizar o seu poder discricionário para esconderem o jogo".