O candidato independente à Câmara do Porto, Rui Moreira, anunciou o regresso do pelouro da Cultura e atribuição da pasta da Economia ao presidente, garantindo que o manifesto eleitoral é possível mantendo contas à moda do Porto.
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Num discurso de cerca de uma hora, no Mercado Ferreira Borges - o mesmo local onde, em março, anunciou a sua candidatura -, Rui Moreira apresentou o manifesto eleitoral, tendo feito inúmeras críticas à campanha e às propostas do seu adversário do PSD, Luís Filipe Menezes, sem, no entanto, nunca referir o seu nome.
Garantindo que respeita os adversários nesta corrida, o candidato alertou que "o inimigo está naqueles que pagam campanhas fantasiosas, que olham para o Porto com a tal cobiça, os tais grupos económicos que no passado ajudaram a levar o país à situação em que está".
Duas das promessas deixadas vão para a organização da câmara, tendo Rui Moreira adiantado que ficará da sua responsabilidade direta a pasta da Economia e que a Cultura voltará a ter pelouro próprio na autarquia.
O candidato independente, apoiado pelo CDS-PP, afirmou ainda que todas as suas propostas são possíveis de executar mantendo as "contas à moda do Porto", património construído nos últimos 12 anos de executivo camarário que se recusa a desbaratar.
"Uma candidatura que sabe que vai perder pode propôr tudo. Nós não podemos", atirou.
Rui Moreira deixou alertas e pediu aos seus apoiantes para que não se assustem com o que vai acontecer: "vai haver porcos e farras todos os dias e promessas em catadupa" e "sondagens sabe-se lá feitas aonde e por quem, encomendadas, se calhar, a sociedades mais ou menos secretas".
"Não podemos tolerar que quem desgovernou municípios que hoje são obrigados a ter quase um segundo acordo com a 'troika', a cobrar o IMI pela taxa máxima, a cobrar a água a um preço muito superior à do Porto, (...) cheguem aqui e digam que no Porto vão baixar os impostos, mas ao mesmo tempo vão fazer túneis, pontes, rotundas quadradas, Luna Park, Central Park e tudo mais", criticou.
Considerando que se uma candidatura independente ganhar uma grande cidade como é o Porto, "pode mudar o espetro do país", o candidato alertou ainda que os lobbies querem "voltar a atacar" porque "há muitos anos que não conseguem tocar no Porto".
Sobre as propostas em concreto, Rui Moreira destacou as relativas aos três eixos principais da sua candidatura: coesão social, economia e emprego e cultura e desenvolvimento.
Sobre a coesão social, a candidatura quer constituir o Conselho Municipal de Solidariedade e criar um Fundo de Solidariedade, com o valor mínimo de 2 milhões de euros por ano, para auxílio imediato às famílias mais vulneráveis.
Destaque para a habitação social, onde se quer apostar na reabilitação e que a construção de novos bairros seja evitada, bem como a deslocalização e o desalojamento dos moradores dos bairros populares e ilhas da cidade.
Na área da Economia e Emprego, o candidato destacou a construção do Centro de Congressos do Porto, fazendo uma revisão do projeto já existente, onde será objetivo fundamental preservar os jardins.
Rui Moreira pretende privilegiar a zona de Campanhã, parte oriental da cidade cujo abandono criticou, reivindicando a construção acordada do terminal intermodal e anunciado a instalação do Polo Logístico de Apoio a Pequenas e Médias Empresas do Porto.
Na área da Cultura, entre outras propostas, o candidato promete que o Rivoli voltará a ser um teatro municipal, considerando que o fator de crescimento e económico deste setor não tem sido aproveitado" no Porto.