<p>A dois meses da maior festa das Caxinas, o Nosso Senhor dos Navegantes, a zona piscatória de Vila do Conde olha para a prestação de Fábio Coentrão na Selecção e já encontra motivos festivos no desempenho do filho da terra. "Foi o melhor com a Costa do Marfim", dispara Domingos Araújo, pároco das Caxinas. "O Fábio encarna na perfeição o espírito do caxineiro, que dá tudo por uma causa. É o menino de ouro das Caxinas", acrescenta o padre, que conhece o internacional português desde miúdo. "É um rapaz extrovertido, num estilo antes quebrar que torcer, típico desta gente", prossegue.</p>
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Com a mulher, Andreia, grávida de oito meses, à espera de uma menina, a família deverá juntar, no fim do ano, o baptismo do bebé ao casamento religioso, que o padre espera celebrar. “Compreendo o que o levou a casar pelo civil, mas sinto que terá um lindo casamento religioso”, orienta.
Fernanda Serrão, tia de Coentrão, que assumiu a educação do jogador quando os pais do jovem emigraram para França, junta-se ao coro dos elogios. “É o orgulho das Caxinas. Foi fácil de criar e, conseguiu impor-se no futebol”, destaca a familiar, que fala regularmente com ele por telefone. “Anda feliz. O primeiro jogo correu-lhe bem e agora espera vencer a Coreia”, acrescenta a tia.
Rui Faria, amigo de Fábio, também não esconde o entusiasmo: “A fama não lhe subiu à cabeça. É humilde e responde sempre às SMS’s”, refere, considerando, contudo, que na Selecção, poderia ser melhor aproveitado. “Como extremo esquerdo, daria uma outra dinâmica ao ataque”, aponta.
Um miúdo terrível
No ringue da Junta de Freguesia, em frente à casa onde o jogador viveu, o guarda Manuel Silva também acha que é uma pena que ele não jogue no ataque. “Devia ser avançado! Aqui, fartava-se de marcar golos”, diz, sorridente.
“Era um miúdo terrível”, lembra o funcionário, recordando o miúdo que “saltava pelos telhados” e andava numa roda-viva. “Mas quando pegava na bola, era uma maravilha. Via-se que daria um craque”, acrescenta.
Pedro Salvador, professor nas escolinhas da Associação das Caxinas, recorda que no ringue, agora com relvado sintético, decorre um torneio em que o jogador é o patrono. “O meio é propício ao aparecimento de jogadores. O Fábio subiu bem alto e outros podem seguir as pisadas”, orienta.
Como diz o pároco, a adrenalina das Caxinas ajuda ao despontar de futebolistas, citando nomes como Hélder Postiga, André, Paulinho Santos, Quim e Emanuel, entre outros. “É um alfobre”, sintetiza, à espera que Coentrão dê, em breve, às Caxinas, “mais motivos de orgulho”.