O caos urbanístico, a falta de equipamentos sociais, transportes escassos e o não aproveitamento dos recursos naturais de Gondomar são alguns dos problemas apontados pelos candidatos à Câmara Municipal.
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O concelho de Gondomar cresceu muito na última década. Cresceu em termos de habitantes e, consequentemente, em termos de habitações. Porém, este crescimento teve os seus custos e isso nota-se na qualidade de vida dos gondomarenses.
"Gondomar é um dormitório que cresceu desordenamente e sem sustentabilidade. Não tem serviços e não tem comércio", afirma Rui Quelhas, candidato da coligação PSD/CDS-PP. A socialista Isabel Santos acrescenta a falta de equipamentos sociais. "Temos uma baixíssima taxa de cobertura de apoio às famílias, às crianças, aos idosos e às pessoas com deficiência. Para dar um exemplo, 53% das crianças não têm resposta de pré-escolar e há apenas 3% de cobertura de serviços sociais para idosos", revela.
Paula Canotilho, do BE, argumentou que "a inexistência de equipamentos sociais de vizinhança, de serviços de proximidade que aliviem as rotinas domésticas e facilitem o quotidiano das cidadãs e cidadãos, são bem a prova de um urbanismo de costas voltadas para as necessidades das pessoas". Cristina Nogueira, da CDU, refere, ainda, os "verdadeiros atentados urbanísticos que estão à vista de todos um pouco por todo o concelho".
Rui Quelhas considera que "à medida que a riqueza ia sendo suportada no urbanismo, Gondomar virou costas aos recursos estratégicas do concelho que são as linhas de água". Este é um ponto comum a todos os candidatos que defendem, sem excepção, uma requalificação das margens dos rios que cruzam o concelho e que podem vir ser um boa âncora para o turismo.
O crescimento da densidade populacional também não terá sido acompanhado pelos transportes. Há uma "ausência de uma rede de transportes públicos com qualidade", refere a CDU. "Com mais de 55% dos habitantes a trabalhar fora de Gondomar, somos dos concelhos onde há mais deslocações pendulares e onde se gasta mais tempo nelas. E, pior, há uma tendência crescente para a utilização do transporte individual o que revela fragilidades de resposta dos transportes colectivos", diz Isabel Santos.
Valentim Loureiro, candidato independente e actual presidente, acusa o Governo pelo atraso no metro e considera "absolutamente inacreditável que não se tenha ainda concretizado o projecto aprovado em 2003", salientando que "exigirá que a linha Campanhã/Valbom/S. Cosme chegue também a Fânzeres", porque "é preciso fechar o anel".
O desemprego e a baixa competitividade são outras das características negativas apontadas a Gondomar. "A população está confrontada com situações de atraso económico e social verdadeiramente inaceitáveis", referiu, na apresentação da sua candidatura, Paula Canotilho, para quem "as políticas municipais que têm sido aplicadas, ao favorecerem um modelo económico assente nos baixos salários e em actividades sem valor acrescentado, muito contribuíram para que os reflexos da crise económica em Gondomar atinjam um número impressionante de desempregados, muito acima de 10 mil, dos quais mais de 50% são mulheres".
Isabel Santos confirma o baixo factor de competitividade. "Somos, da Área Metropolitana, o concelho com menos empresas por metro quadrado e com menos empresas de base tecnológica".