Francisco Louçã quis “tirar as teimas” em relação aos Planos de Poupança e Reforma (PPR), depois desse tema ter dominado o debate televisivo com José Sócrates e o assunto lhe ter deixado um amargo de boca. Clarificou a sua ideia e acusou: “Os bancos estiveram sempre a enganar as pessoas”.
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Para sustentar a acusação auxiliou-se da edição de ontem do jornal de Negócios que noticiava que os investidores em PPR perderam dinheiro nos últimos seis anos. “Se houvesse dúvidas, eu abro-vos um jornal de hoje: ‘Santander Poupança Premium, 25% de perda ao ano’”, leu. “Façam as contas”, disse às cerca de três centenas de pessoas presentes no comício de ontem à noite, no Entroncamento, para deixar o desafio aos subscritores: “ Basta abrir o relatório anual do último ano, ou do penúltimo, ou mesmo do antepenúltimo, e a ver o que ganharam. Vão ver que perderam todos os anos. E que qualquer depósito a prazo renderia muito mais”.
O líder do Bloco de Esquerda não se escusou a responder directamente a José Sócrates, replicando as declarações do primeiro ministro que no debate acusou o BE de propor o fim dos benefícios fiscais.
"É claro que o primeiro-ministro ficou indignado com isto, porque ele não gosta de ser confrontado com a realidade, ele acha que a publicidade dos bancos é suficiente para fazer uma economia florescente, é claro, os bancos ganham 6 milhões de euros por dia", disse para logo apontar baterias em direcção de Alberto João Jardim: “O maior benefício fiscal que é pago em Portugal está na linha do Orçamento do Estado que diz Madeira. Alberto João Jardim até pode dizer umas coisas em inglês, mas há um ponto em que nunca o vão ver em desacordo com Sócrates – o ‘offshore’ da Madeira. Porque Alberto João Jardim defende-o com unhas e dentes. E José Sócrates defende-o com unhas e dentes”, atirou perante uma plateia extasiada.
E continuou com as acusações, destacando que fez as contas e detectou que “7 mil e 500 milhões de euros foram transferidos para paraísos fiscais, sem pagar imposto” e que o Governo PS “orçamentou 1796 milhões de euros de benefícios fiscais para o ‘offshore’ da Madeira”. Mostrando-se indignado e salientando que a evasão fiscal teria dado para construir “quatro grandes hospitais públicos”, contabilizou: “Em média todos demos 400 euros para financiar a evasão fiscal da Madeira”, concluiu.