O projeto :Papercutz, do portuense Bruno Miguel, faz parte do cartaz deste ano do Festival Paredes de Coura. Ao JN, Bruno Miguel fala da "explosão de festivais" que tem acontecido em Portugal e do desafio que é tocar neste certame.
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Ao contrário do que normalmente acontece, o projeto :Papercutz não começou em palco e seguiu para disco. Como explica Bruno Miguel, o percurso chega mesmo a ser inverso. "O projeto começa comigo a gravar um álbum e, depois, com convites para apresentar esse trabalho ao vivo", diz.
Inverso também parece ser o percurso geográfico, mas também isso é fruto do acaso. "Tivemos uma primeira edição que não foi nacional, mas isso não foi propositado. Enviei maquetes para editoras nacionais e internacionais e as mais interessadas eram internacionais", justifica. Até porque a música que faz "não é um produto nacional". "É um produto globalizado", defende. Mesmo assim, o "público foi crescendo por cá e os ouvintes foram acompanhando o crescimento do projeto". Sempre sem pressas porque quer "que as pessoas descubram aos poucos" o que é :papercutz e não de forma massiva.
Apesar disso, os convites para tocar em Portugal sucedem-se, especialmente em festivais. "Gosto muito de tocar em Portugal. Há um esforço em criar eventos", entende. "Tenho assistido em Portugal a um fenómeno interessante", refere, falando de uma "explosão de festivais de verão", que o faz crer que "será possível que o país se torne num local onde os festivais são uma realidade a nível europeu". "Atuamos há pouco num festival exclusivamente de bandas portuguesas e é bom ver que havia bandas suficientes para encher um festival de vários dias", exemplifica.
"As coisas estão a melhorar", garante. Mas ainda há trabalho para fazer em Portugal: "tornar o público mais exigente e mais entusiasmado com a música ao vivo". Para tal, também cabe às bandas o papel de "tentar fazer coisas diferentes para cada concerto", admite. "Tocar temas que ainda não tinham tocado ou fazer novos arranjos".
É isso que vai tentar fazer em Coura, um "festival com uma dinâmica diferente", "grande, mas com um espírito independente". "Vai ser um desafio apresentar um formato mais reduzido que um concerto normal, mas mais exigente", garante, prometendo "fazer as coisas um bocadinho de forma diferente". "Temos uma hora para apresentar da melhor forma o que somos. Vamos tentar reunir os elementos que melhor nos definem, da forma mais coesa possível", afirma.
Quanto aos palcos futuros por onde passará :Papercutz, Bruno Miguel fala da "possibilidade de editar o próximo trabalho nos EUA e no Japão". Mas, passe por onde passar o projeto, o que o músico quer, diz, "é tocar". "O que eu quero é tocar cá e tocar noutros países, como se de um trabalho se tratasse. Eu queria era trabalhar todos os dias", confessa.