O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, considerou esta quinta-feira que com atitudes como a do primeiro-ministro, José Sócrates, Portugal arrisca-se a falhar o acordo de ajuda externa e a ter de reestruturar a sua dívida.
Corpo do artigo
Durante uma conferência na sede do Conselho Nacional de Juventude (CNJ), em Lisboa, Passos Coelho acusou José Sócrates de ter uma atitude de "esperteza saloia" e uma "conversa de que vamos sair de uma crise gravíssima em que ele nos colocou apenas a fazer de conta que a coisa se resolve por si própria agora que vamos ter o dinheiro" emprestado por instituições internacionais.
O presidente do PSD disse que isso "é falso" e que "se este tipo de atitude se mantiver nos próximos anos, aquilo vai acontecer ao cumprimento deste acordo" é o que aconteceu com compromissos anteriores do actual Governo, ou seja, não vai ser cumprido.
"Continuaremos a falhar e, se continuarmos a falhar, então já não é só a bancarrota, então é um desastre por muitos anos em Portugal, é aquilo a que o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista chamam a reestruturação da dívida", considerou.
Para ilustrar o que pode acontecer em Portugal, Passos Coelho apontou: "É olhar para a Argentina e ver o que se passou: quase 30 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina foi destruído".
"Não imaginam as décadas que é necessário esperar para recuperar a riqueza que foi perdida e a injustiça que se cria com isso, e é isso que nós queremos evitar", acrescentou.
O presidente do PSD, que falava a propósito do crescimento económico e da criação de emprego, defendeu a redução dos custos sobre o trabalho prevista no acordo de ajuda externa.
"Nós podemos poupar dez anos de sofrimento e de desemprego a Portugal se fizermos em pouco tempo uma desvalorização fiscal bem sucedida, mas para isso precisamos de baixar a TSU", sustentou.
Antes, contudo, Passos Coelho referiu que Portugal tem actualmente "uma taxa de desemprego estrutural muito elevada, muito perto dos dez por cento" e que isso significa que, "mesmo que a economia cresça a um ritmo razoável, nós teremos sempre uma percentagem muito elevada de pessoas que ficarão desempregadas".
Questionado por um dos jovens presentes na assistência, Passos Coelho defendeu que é preciso apostar no mar e disse que não é daqueles que entendem que os submarinos comprados por Portugal são "absolutamente dispensáveis".
"Eu continuo a dizer que não são. Se nós temos uma das maiores áreas marítimas do mundo devemos ter o mínimo de condições para a poder vigiar, e ter capacidade submarina é uma das possibilidades de fazermos uma boa vigilância desse mar", disse.
No seu discurso, Passos Coelho voltou a prometer "despartidarizar" e "não governamentalizar" o Estado, considerando que "o PSD também tem a sua responsabilidade" na partidarização da Administração Pública.
"Temos de mudar de regime económico e de mudar substancialmente a forma de fazer política", considerou.