O selecionador nacional promete que a seleção nacional "vai lutar até ao último minuto" pela presença nos quartos de final e, para isso, só pensa em vencer a Holanda. E mesmo que o triunfo não chegue, o treinador recusa imaginar que Alemanha e Dinamarca possam acertar agulhas para ambas seguirem em frente no Euro 2012.
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"Desde o início que acreditávamos que, num grupo equilibrado como este tudo se decidiria na última jornada. Assim é e estamos numa situação boa. A Holanda ainda não ganhou nenhum jogo e pretendemos que assim continue. Mas teremos um respeito enorme por este adversário, como tivemos com a Alemanha e a Dinamarca. É uma equipa organizada e com muito talento, mas do outro lado também está uma seleção com essas características. Queremos esgotar todas as possibilidades para chegarmos aos quartos de final", garantiu Paulo Bento.
A confiança foi, aliás, uma das imagens mais marcantes do treinador português na conferência de imprensa de antevisão do duelo, até porque a postura dos jogadores nos dois jogos anteriores a isso obriga: "Já demos respostas suficientes em momentos adversos para continuarem a acreditar em nós. Acredito que vamos ganhar o nosso jogo, conseguir o apuramento e não queremos sofrer por antecipação". Paulo Bento referia-se ao facto de uma vitória poder não ser suficiente para apurar a Portugal, dependendo sempre do que acontecer no Alemanha-Dinamarca, mas o selecionador acredita que tudo vai decorrer dentro do maior desportivismo.
"Sou desportista há muitos e muitos anos. Joguei 15 anos, estou a treinar há oito e a primeira coisa em que acredito é nas pessoas. Quando deixar de acreditar, deixo de andar aqui. O nosso jogo vai ter 90, 95 minutos, e não temos o direito de duvidar de quem quer que seja", realçou, mesmo que reconheça que o sonho português possa acabar amanhã.
"Se perdermos e formos eliminados, será certamente porque o nosso adversário foi melhor. Se assim for, damos os parabéns, fazemos as malas e vamos embora", referiu Paulo Bento, mas sem acreditar nesta tese: "Pela minha cabeça e pela dos jogadores só passa ganhar. Vamos lutar até ao último minuto pelos quartos de final. Não vamos estar preocupados a fazer contas durante 90 minutos, porque não podemos fazer nada em relação ao outro jogo".
Ainda assim, o treinador admite passar informações para dentro do campo em relação ao outro resultado do grupo: "Se for importante os jogadores saberem, saberão, mas eles não têm de estar preocupados em saber o que se passa no outro jogo. Se acharmos que é pertinente informá-los, logo decidiremos e faremos o que for melhor".
Especificamente sobre o jogo, Paulo Bento acredita que os holandeses vão tentar ter o domínio de jogo, mas realça que Portugal não vai pensar apenas em apostar no contra-ataque: "O jogo é feito de vários momentos. Num grupo destes, dificilmente se domina algum adversário durante 90 minutos e, por isso, temos de gerir da melhor maneira os quatro momentos de jogo. Quem o fizer, tem mais hipóteses de sucesso. Além disso, queremos manter a nossa identidade. Queremos ter a bola e criar muitas oportunidades".
A questão Ronaldo
Questionado sobre a falta de apoio defensivo dado por Cristiano Ronaldo a Fábio Coentrão contra a Dinamarca e sobre os golos perdidos pelo CR7, Paulo Bento foi direto ao assunto: "Mais do que estar a particularizar, para cada jogo, para cada adversário existe uma estratégia e um plano de jogo em que cada jogador tem de executar um número de funções. Alguns estão mais talhados para desempenhar mais funções defensivas e outras mais ofensivas. O que temos feito é arranjar um equilíbrio na forma de defender. Mas não quero individualizar para encontrar uma explicação para os golos que sofremos contra a Dinamarca".
"O Ronaldo é uma figura a nível europeu e mundial, mas é muito profissional, ambicioso e que está no topo do futebol há muitos anos. No jogo com a Dinamarca, criticou-se um jogador por ter falhado duas oportunidades, depois desse mesmo jogador - um dos melhores do Mundo - ter marcado nem sei quantos golos ao longo da época. Isto é típico do povo português, em geral, e de alguns agentes do futebol português em particular", finalizou Paulo Bento.