Um grupo de seis militantes do Partido Nacional Renovador protagonizou, esta terça-feira, uma pequena arruada em Lisboa para "defender Portugal", passando invariavelmente despercebido ou vendo a sua ideologia nacionalista reprovada por vários transeuntes.
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"Recusou o nosso panfleto e está no seu direito, assim como nós estamos no direito de achar que muitos deles (imigrantes) não estão cá a fazer nada e a receber indevidamente subsídios. Se estiverem por bem, muito bem, se estiverem por mal, boa viagem", respondeu o presidente do PNR, José Pinto Coelho, questionado sobre a animosidade de um cabo-verdiano.
Na rua Castilho, entre o Largo do Rato e a praça do Marquês de Pombal, Manuel Fernandes, jardineiro nascido há 29 anos na ilha de Santiago, rejeitou o panfleto negro com a chama do PNR por considerar tratar-se de um partido "racista e xenófobo".
"Como imigrante, jamais votaria num partido desses. Portugal também é um país de emigrantes, para a França, o Luxemburgo, onde também já vivi. Tenho o meu trabalho, uma família para sustentar e querem tirar-nos o subsídio do nosso suor, se alguma vez for preciso?", disse, com "fé na nacionalidade portuguesa, quase a sair".
Antes, Pinto Coelho começara o percurso perto da sede do PS, mas sem qualquer tentativa de "provocação", sem ser a tirada de um dos seus apoiantes: "nós não precisamos de paquistaneses, estes [socialistas] têm muito dinheiro e meios".
"Umas bandeiras, quatro ou cinco pessoas, um carro de som e está feita a festa", atirou outro dos membros do PNR, cuja comitiva seria mais tarde recebida na sede da União de Associações do Comércio e Serviços.
"Defendemos a saída do euro - mas de forma sustentada porque não somos aventureiros nem malucos - para não continuarmos amarrados aos ditames que vêm de fora e aos PEC [Plano de Estabilidade e Crescimento], assim como o corte nas gorduras do Estado", continuou Pinto Coelho, antes de outra cidadã o interpelar.
A cozinheira Graça Gomes, de 63 anos, sugeriu "um ordenado de 1000 euros" para toda a classe política nos próximos três anos, "a ver se isto [Portugal] não se endireitava".
"Se é para deitar o [Passos] Coelho abaixo, estou consigo. Ainda não está lá e já está a pôr leis. Quer acabar com os feriados, quer mais impostos", reclamou Graça Gomes, enquanto Pinto Coelho e seus apoiantes tentavam explicar algumas ideias e conquistar um voto para as legislativas de 5 de Junho.
No entanto, a cozinheira sexagenária concluiu depois que "então se é pelo povo é à esquerda, quanto mais Esquerda melhor", originando gargalhadas entre o grupo e nova argumentação de Pinto Coelho: "isso dos rótulos, às tantas interessa muito pouco, o que é importante é defendermos o que é nosso, é isso que é o PNR, Portugal e os portugueses".