<p>Entendimento pós-eleitoral é cenário que Ferreira Leite não quis tratar, mas Portas não afastou.</p>
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Os presidentes dos dois partidos da direita parlamentar esgrimiram ontem, no antepenúltimo debate televisivo (RTP), diferenças nas políticas fiscais, sociais e de segurança e quanto à noção da amplitude da "asfixia democrática".
O líder do CDS-Partido Popular (CDS-PP), Paulo Portas, acusou o Governo de "tentar controlar a comunicação social, tentar interferir nos negócios, tentar amedrontar muita gente". A líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, trocou o verbo: "Não digo 'tenta', digo 'faz'". E considerou que a comparação dessa "asfixia" com a situação na Madeira é uma "tentativa de atirar poeira para os olhos". A Madeira "é um regime caciquista", onde um debate como o que travavam "não é possível", repisou Portas.
Manuela Ferreira Leite escusou "fazer cenários" sobre um entendimento pós-eleitoral com o PP. Portas Portas advertiu-a de que "não vai ganhar sozinha" e enunciou o objectivos de afastar o PS do Governo, para o que é necessário fazer subir o CDS. "Eu sei dar estabilidade", afirmou, num confronto em que elencou diferenças entre os dois partidos. "O CDS é claro onde o PSD é ambíguo; é diferente onde o PSD é parecido com o PS".
Em política fiscal, por exemplo, Portas acusa o PSD de "dizer que não vai aumentar os impostos" e de não prometer baixar do patamar excessivo. Ferreira Leite contra-atacou: "O político que prometer baixar os impostos não está a falar verdade", pois só se pode fazer "se for exequível e neste momento não se sabe" se o é.
Ferreira Leite insistiu na ideia de reduzir a taxa social única para baixar os encargos das empresas com o trabalho e diminuir o IRC das empresas do interior, dando condições para gerar riqueza e emprego e reduzindo a despesa com subsídios de desemprego. Portas quer o Estado a pagar juros quando se atrasa a devolver impostos e a redução do pagamento especial por conta.
Em matéria social, o líder popular voltou a atacar o rendimento social de inserção que é um "financiamento à preguiça", para "quem não quer trabalhar". A dirigente social-democrata disse "não ser capaz de fazer um discurso" idêntico. "Há muitas pessoas a receber esse rendimento por uma enorme necessidade e não podem ser estigmatizadas", pois a "situação de emergência social é séria", sustentou.
No capítulo da justiça e segurança, Portas quer mudar o Código de Processo Penal; Ferreira Leite acusa o CDS de ter-se abstido, quando o PSD votou contra a alteração do da lei, responsável pelo aumento da criminalidade, diz. O popular quer a contratação de mais polícias; a social-democrata diz que com os mesmos meios e mais prevenção pode chegar a melhores resultados.
Confronto de hoje:
Paulo Portas- Francisco Louçã
Representam os extremos da actual configuração parlamentar e disputam o campeonato da veemência na interpelação ao Governo e ao primeiro-ministro no hemiciclo ou no ataque fora dele. As respectivas bases sociais de apoio não se confundem, mas há franjas eleitorais flutuantes entre o PSD e o PS para captar...