Várias dezenas de populares do Ourondo, concelho da Covilhã, derrubaram, este domingo, a mesa de voto e destruíram a urna e os boletins, num protesto contra agregação desta freguesia à de Casegas.
Corpo do artigo
O protesto era para ser pacífico e, na freguesia, falava-se apenas num boicote voluntário. Todavia, ao final da manhã, após a missa, os populares concentraram-se junto à assembleia de voto e, ao saberem que outras pessoas (cinco) já tinham votado, não esconderam a indignação.
Os ânimos foram-se exaltando e os populares acabaram por entrar na sala, incitando os delegados desta secção a abandonarem o local para que mais ninguém pudesse votar.
Entre as frases de ordem, críticas e insultos, os populares avançaram até à mesa de voto, que viraram. Também pontapearam a urna e pisaram os boletins, que ficaram espalhados pelo chão.
Nessa altura, as pessoas que estavam na mesa abandonaram o espaço por considerarem que "não estavam reunidas as condições de segurança", explicou à Lusa Carlos Alberto Barata, presidente da mesa.
No local, o ainda presidente da Junta do Ourondo, José Agostinho, lamentou o sucedido, garantiu que o povo da localidade "é pacífico" e justificou a atitude com o "sentimento de revolta" que tem crescido pela agregação da freguesia.
"Não temos nada contra Casegas, mas temos contra a agregação, que foi feita sem que ninguém nos tenha ouvido", reiterou.
A votação ficou suspensa e a GNR foi chamada ao local, mas quando as autoridades chegaram os manifestantes já se tinham retirado.
As autoridades abriram inquérito para "apurar responsabilidades e identificar os autores", disse à Lusa João Sousa, comandante do Destacamento da GNR da Covilhã.
Boicote em Alpedriz
Algumas dezenas de populares estavam pelas 11,30 horas concentrados em frente da junta de Freguesia de Alpedriz, no concelho de Alcobaça, para impedir que seja desbloqueada a fechadura boicotada durante a noite e que impossibilitou a abertura das urnas.
"As urnas não vão abrir porque a população está revoltada com a agregação contra a sua vontade e não vai deixar que se realize a votação", disse à Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Alpedriz, Alberto Luz.
De acordo com o autarca, no local já esteve "uma equipa da câmara [de Alcobaça] que queria abrir a porta à força", antes das 11 horas, "mas as pessoas não deixaram".
Na base do boicote à votação está a agregação da freguesia de Alpedriz, com as de Montes e Cós, contestada pelo executivo.
"A freguesia nunca quis estar ligada a Cós e apresentámos na Assembleia Municipal uma proposta alternativa para passarmos para a freguesia de Pataias, mas a proposta nem chegou a ser votada e foi-nos imposta esta situação", esclareceu o autarca.
Fonte da GNR disse à Lusa que "os boletins de voto nem foram entregues" e que terá de ser marcada uma nova data para a realização das eleições autárquicas neste local.
Para além do boicote em Alpedriz a votação para as eleições autárquicas começou com atraso em pelo menos duas freguesias de Chaves, uma de Vila Real e na assembleia de voto instalada na escola André de Resende, em Évora, segundo fontes policiais e autárquicas.
Mais de 9,5 milhões de eleitores são hoje chamados a eleger os dirigentes de 3.399 autarquias, numas eleições autárquicas marcadas pela redução de freguesias e pela alteração dos rostos dirigentes em centenas de localidades devido à lei da limitação dos mandatos.