O PP manteve o élan de vitória das legislativas, conseguindo o melhor resultado dos últimos 15 anos nas autárquicas. O Bloco de Esquerda voltou a ficar aquém das expectativas, sem vereadores em Lisboa e no Porto. O PCP perde quatro câmaras.
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Paulo Portas foi ontem, outra vez, um homem feliz. Sozinho e sem coligações, o partido democrata-cristão cresceu nas autarquias, tal e qual como o líder tinha pedido. "Há muitos anos que, em termos autárquicos, o CDS vinha descendo, descendo, descendo. Retomámos, de forma moderada, uma subida e esse é o princípio de outro crescimento."
O CDS-PP manteve a única presidência de Câmara que tinha, Ponte de Lima, mas somou mais votos aos de 2005, obtendo agora 170 941. O objectivo principal era "aumentar a força autárquica em votos". E o objectivo foi cumprido.
Francisco Louçã foi o único a assumir a derrota. Sem conseguir eleger os vereadores João Teixeira Lopes, no Porto, e Luís Fazenda, em Lisboa, o Bloco de Esquerda (BE) não podia afirmar ter conseguido cumprir os seus objectivos. "Na política deve assumir-se com clareza os resultados", admitiu o líder do partido. Foi o que fez, "com humildade", quando constatou que o Bloco apenas conseguiu manter o que já tinha em 2005: Salvaterra de Magos.
Apesar de reconhecer que o BE ainda tem "muito que aprender, muito caminho a fazer, muito enraizamento para desenvolver", Louçã não deixou de sublinhar também "a votação expressiva, a subida importante - entre 10% e 20% - nas eleições para as câmaras e assembleias municipais e juntas de freguesia", e o dobro dos deputados municipais nos concelhos onde já estava presente. O futuro do partido, avançou, continuará a ser ditado pelo "combate à bipolarização entre PS e PSD".
A CDU também perdeu ontem, mas menos que o BE, porque os comunistas não deram um número às expectativas. Menos quatro câmaras do que as conseguidas em 2005 - passou de 32 para 28 - não foi, por isso, suficiente para que Jerónimo de Sousa, secretário-geral do partido, assumisse a derrota. "É um resultado insuficiente, tendo em conta a campanha e o projecto da CDU, mas está longe de ser uma derrota", garantiu Jerónimo de Sousa depois de confirmar que os comunistas perderam a presidência de sete câmaras - Aljustrel, Beja, Viana do Alentejo, Vila Viçosa, Marinha Grande, Monforte e Sines -, conquistando três novas autarquias: Crato, Alvito e Alpiarça. Mas, ao mesmo tempo, é também, ressalvou, "um resultado de valor inegável", considerando aquilo que disse ser uma "intensa campanha centrada na desvalorização da CDU".