O PS perdeu votos, mas ganhou as eleições; o PSD perdeu as eleições mas ganhou votos, enquanto o CDS/PP ganhou votos e lugares na Assembleia da República. Mais à esquerda, o Bloco ganhou milhares de votantes, mas não chegou a terceira força política, enquanto a CDU caiu para o quinto posto, mas somou mais eleitores e um deputado mais.
Corpo do artigo
Uma vitória "extraordinária" e "sem nenhuma ambiguidade". Foi desta forma que o secretário-geral do PS, José Sócrates, classificou, ontem à noite, os resultados das eleições legislativas que voltaram a dar a vitória ao PS, mas sem a maioria absoluta de há quatro anos e meio.
"O PSD é a alternativa responsável, e a democracia só existe com alternativas atentas e competentes", destacou a líder social-democrata, Manuela Ferreira Leite, orgulhosa da campanha eleitoral e da forma como ela e os companheiros de partido se apresentaram: "Confiantes na nossa razão e na nossa força".
"Não é o fim da linha, é apenas o princípio de um caminho que vai demorar algum tempo para que haja, em Portugal, um grande partido não socialista, frontal, directo e corajoso", afirmou Paulo Portas, perante um auditório a rebentar pelas costuras. "Este resultado é a remuneração do esforço, a compensação da clareza e a vitória do bom senso em Portugal", sublinhou, exaltando o facto do CDS ter ficado à frente de CDU e BE, a "Esquerda radical".
"O Bloco conseguiu derrotar a arrogância e o absolutismo do PS", disse Francisco Louçã, que iniciou a campanha eleitoral convicto de que o partido ia cimentar-se como a terceira força política do país. O CDS/PP acabou, no entanto, por se superiorizar, o que deixou os bloquistas "abalados" e sem conseguirem alcançar os desejados "dois dígitos".
Medindo bem os factos e os números, Jerónimo de Sousa fez um balanço positivo numa das salas do antigo Hotel Vitória, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, onde os militantes da CDU se concentraram para acompanhar todos os pormenores da noite eleitoral. O secretário-geral comunista considerou que "o resultado obtido constitui um novo e estimulante sinal de crescimento sustentado da CDU. "Era o que faltava sairmos derrotados. Conseguimos mais votos e maior percentagem, portanto considerar a CDU fragilizada, como força política, é precipitado e injusto. A CDU sai reforçada, cresceu e contribuiu para a derrota do PS que perdeu a maioria", sublinhou, mantendo-se fiel às ideias defendidas durante a campanha eleitoral.