O tipo dos Kooks, ao longe, parece o Jim Morrison (o cabelinho, a roupinha, os saltinhos...) - e surgiu perante 20 e tal mil para, sem cerimónias, distribuir o seu ardor pop e desassossegar uma multidão que até ao momento dera mostras de uma certa apatia.
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Momentos antes, os Walkmen debitaram uma música mais enevoada, nervosa, com ovocalista Hamilton Leithauser a parecer chateado com alguma coisa, a mirar o público com ar sério enquanto os seus comparsas laboravam uma música que, não sendo má, facilmente se tornou dispensável.
Mais aprazível foi o arranque nesse palco, ainda de dia, com uma prestação simpática de Sean Riley & The Slowriders, trupe de gente vinda de Coimbra e apaixonada pela folk americana, departamento de Dylan.
É certo que a plebe vem aqui para ouvir música vagamente indie mas o JN constatou que, o primeiro grande momento de contágio de dança se verificou às 21.37 horas em frente ao stand da Santa Casa da Misericórdia com aquela canção do "Pai da criança (eu sei lá, sei lá)" seguida, sem pausas, da não menos efusiva "Aperta aperta com ela".
Eram centenas a dançar, eventualmente para se libertarem do stress acumulado com a seca nas filas para o kebab ou pão com chouriço - o pré-pagamento é sempre rápido, o pior vem depois.
E agora algo completamente novo: ainda a tarde ia a meio e já a Agência Lusa dava conta de filas de três quilómetros nas imediações da Herdade do Cabeço da Flauta. São 30 mil aqueles que se concentram no arranque do Super Rock. Uma parte significativa optou por acampar junto ao recinto, um amontoamento de cinco hectares com milhares de tendas maioritariamente daquelas sofisticadas, que se erguem com um simples aceno, em dois segundos, devidamente projectadas para um target de gente mocada e, como tal, pouco paciente para manobras estruturais de arcos e poliester.
Foi nesse cenário que o JN se deparou com muitas queixas sobre a quantidade de pó que esvoaçava por todo o lado. Apesar da organização ter prometido regar o solo para amansar a poeira, ficou a sensação que pouco ou nada se pode fazer para ceifar o problema. Mas os efeitos colaterais podiam ser minimizados e urge dizer que a quantidade de chuveiros no campismo, apesar de aumentada, continua a ser manifestamente escassa. Ao final da tarde avistava-se uma fila impressionante de mocidade empoeirada pacientemente à espera da sua vez para desenodoar o esterco impregnado na superfície.
À noite,assistia-se a uma crescente proliferação de gente com a cara protegida por lenços, cachecóis e até máscaras daquelas que se vendem nas farmácias, com um elástico, estilo "anti gripe A" ou coisa que o valha.
A passagem do campismo para o recinto é filtrada por seis soldados da GNR que inspeccionam toda e qualquer mochila ou saco em busca de objectos cortantes e estupefacientes.