Coube aos irmãos Kitty, Daisy & Lewis a abertura do palco principal do Festival de Paredes de Coura, esta quarta-feira. Uma escolha que encaixa na perfeição num festival onde é fácil sentir-se em casa.
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Que o Festival de Paredes de Coura é uma espécie de família, já há muito o sabíamos. É sem dificuldade que se reencontram os mesmos rostos ano após ano, numa espécie de ritual que resiste às naturais flutuações do cartaz.
Nada mais apropriado, por isso, que a banda escolhida para abrir o Palco EDP na edição deste ano tenha sido um clã familiar na verdadeira aceção do termo.
Diretamente de Londres, embora pareçam oriundos de um qualquer remoto estado remoto norte-americano, os manos Kitty, Daisy & Lewis brindaram o muito público já presente ao final da tarde - a organização aguarda até ao final da noite que 20 mil pessoas entrem no recinto - com uma irresistível mescla de rock'n'roll, blues e r&b que, longe de cumprir calendário, conseguiu arrancar autênticos sinais de agrado da plateia.
Se o visual do trio - que nesta incursão minhota se fez acompanhar por mais dois elementos - remete para a época dourada dos anos 50, os sons que convocam não ficam enclausurados nesse período. Quando se aventuraram pelo reggae e ska, com o precioso auxílio expressamente vindo da Jamaica, os autores de "Smoking in heaven", disco lançado no ano passado, também se saíram a contento,
A variedade rítmica dos três irmãos muita falta faria aos Midlake, hirsutos norte-americanos que propõem um aparentemente estimulante cruzamento entre o folk e o indie rock mas que raras vezes transpõem a fronteira da modorra.
A dormência folk do concerto só foi interrompida após trinta minutos de concerto, quando o vocalista se dirigiu aos presentes, saudando-os, e desfez as dúvidas dos que porventura julgavam que o vocalista tivesse adormecido em palco.