A relação de amor (não há que ter medo das palavras) que o norueguês Erlend Oye mantém com o Festival de Paredes de Coura conheceu hoje mais um episódio. Depois de, no ano passado, ter protagonizado, enquanto membro dos Kings of Convenience, o concerto mais aclamado de todo o festival, eis que, enquanto líder dos Whitest Boy Alive, Oye repete a façanha. Em moldes diferentes, claro, ou não fosse a música deste projecto alternativo substancialmente diferente da do seu primeiro grupo.
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Mais 'groovie' e dançáveis, os temas dos Whitest Boy Alive tiveram, todavia, o mesmo impacto altamente positivo junto da plateia. E o improvável 'entertainer' que é Erlend Oye logrou conseguir momentos de entusiasmo de que poucas bandas se podem orgulhar na edição deste ano.
O cenário desolador que o recinto apresentava no início da atuação dos Gang Gang Dance, os primeiros a subirem ao palco principal esta quinta-feira, não se deveu por certo a uma menor consideração pela música dos autores de "God's money" mas a outro motivo de peso: como o bom tempo parece ter vindo para ficar, a maioria optou por permanecer mas margens da praia fluvial até o sol desaparecer do horizonte.
Foi pena, porque Lizzi Bougatzos, secundada pelos restantes membros do coletivo de Manhattan, criou atmosferas sonoras até aqui algo arredias do festival. Hipnótica, a música dos Gang Gang Dance, na qual os sintetizadores e percussões são tão importantes como a voz, consegue vencer a barreira inicial de indiferença até se tornar viciante.
Já com uma plateia mais composta, os Of Montreal tornaram a atuação num notável concentrado da sua já longa carreira. Numa hora, coube tudo: rock psicadélico, glam, eletrónica, afro-beat ou pop. Kevin Barnes, o vocalista, não descansou até ter a plateia rendida. O que conseguiu com mestria.
As dúvidas que o ar imberbe dos Wave Pictures possa ter provocado entre os presentes foram desfeitas ao cabo de poucos minutos de atuação. O trio inglês, que abriu o Palco Vodafone, exibe um rock vibrante e sem subterfúgios, capaz de resistir até às letras excessivamente juvenis povoadas por inquietações quotidianas.