<p>Eis uma vitória que causa amargos de boca ao PSD. Conserva o maior número de câmaras, mas os socialistas, com mais votos, recuperam muitas posições. E a margem de manobra de Ferreira Leite, com Menezes à espreita, é reduzida.</p> <p> <br />» A noite eleitoral por partido: <a href="/PaginaInicial/Tags/default.aspx?tag=PS">PS</a> | <a href="/PaginaInicial/Tags/default.aspx?tag=PSD">PSD</a> | <a href="/PaginaInicial/Tags/default.aspx?tag=PP">PP</a> | <a href="/PaginaInicial/Tags/default.aspx?tag=CDU">CDU </a>| <a href="/PaginaInicial/Tags/default.aspx?tag=BE">BE</a> | <a href="/PaginaInicial/Tags/default.aspx?tag=Outros%20partidos">Outros partidos</a><br /><br />» Conheça os resultados no seu concelho e freguesia <a href="/eleicoes/autarquicas2009/">VEJA AQUI</a> <br /><br />» <a href="/Eleicoes/Autarquicas2009/Mais.aspx">Eleições à lupa</a> </p>
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Fossem os discursos da noite eleitoral critério para aferir resultados e o eleitor ficaria confuso. Nenhum dos líderes partidários reconheceu derrotas; cada um descobriu o "seu" argumento para as negar. Dir-se-á: estando em causa mais de 300 sufrágios - só a nível municipal - todos encontrariam um álibi. É verdade que as eleições de ontem se prestaram a leituras diversas, mas lá que há vencedores e derrotados, há.
Ao conquistar o maior número de presidentes de câmara, o PSD tem direito a erguer a taça, quanto mais não seja porque o prémio é a liderança das associações de municípios e de freguesias. O partido recuperou Faro (Macário Correia foi a aposta certa), Espinho e mais cinco municípios ao PS. Mas tais sucessos são ofuscados por derrotas como as de Leiria e Lisboa. Tanto mais que Ferreira Leite pôs "a cabeça no cepo" pelos candidatos nas duas cidades. Contrariou a vontade de Isabel Damasceno, no primeiro caso, e assumiu por inteiro a aposta em Santana Lopes, no segundo.
Se as vitórias (também) se medem pelos objectivos traçados, o panorama é desfavorável ao PSD. Nas eleições que a líder do partido transformou em desforra das legislativas, registou um recuo em número de câmaras - perdeu duas dezenas para o PS - e deixou de ser campeão em mandatos. Mais: o reforço de alianças com o CDS terá beneficiado mais Paulo Portas do que o PSD. Feitas as contas, Ferrreira Leite sobrevive, mas fragilizada. Ontem, só faltou a Luís Filipe Menezes, o maior dos vencedores entre os autarcas "laranja", apontar-lhe a porta de saída.
Foi por estas e por outras que Sócrates apresentou um sorriso de orelha a orelha, na hora da declaração como líder. O PS, receoso ou pouco confiante, não se atrevera senão a apostar no maior número de votos. Consumou esse objectivo, com o brinde suplementar de, em termos percentuais, o resultado ser semelhante ao das legislativas.
O facto de o PS ter devolvido a capital do Algarve ao PSD acaba por parecer apenas um incidente de percurso. Os socialistas passam agora a ter apenas menos duas dezenas de câmaras do que o adversário directo, graças a uma vasta incursão no seu território - em Leiria, Figueira da Foz, Barcelos ou Ourém, para dar alguns exemplos - e à ofensiva sobre os comunistas. De especial simbolismo é a maioria absoluta alcançada por António Costa em Lisboa, também à custa dos partidos à esquerda do PS, que obrigou Santana Lopes a sair pela porta pequena.
O facto de conservar o estatuto de terceira força autárquica não retira à CDU a condição de derrotada. Beja e Marinha Grande figuram entre os seis municípios que cedeu ao PS, sendo a capital do Baixo Alentejo - agora governada pelo ex-presidente de Mértola - a perda mais significativa. Só a Península de Setúbal permaneceu imune a mudanças.
O CDS, que mais uma vez se entregou ao equilibrismo político de ser aliado do PSD nuns concelhos e "inimigo" noutros, conserva Ponte de Lima. E, mesmo falhando apostas como Oliveira do Bairro, reforça a sua rede de autarcas, inclusive em zonas adversas, mais a Sul.
Do Bloco de Esquerda, pouco mais se esperaria do que a manutenção da maioria em Salvaterra de Magos. Mas a verdade é que falhou as desejadas eleições de um vereador em Lisboa e outro no Porto. Quanto aos independentes, nada de (muito novo). Apesar de o número de candidaturas ter duplicado, detinham sete câmaras, sete câmaras detêm. Não forçosamente as mesmas...
Paulo Martins