Uma jornada de campanha eleitoral no Alentejo começa sempre com uma boa refeição".
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Foi com estas palavras que Francisco Louçã iniciou ontem o quarto dia de campanha eleitoral e... à mesa. O prato principal era ensopado de borrego ou não estivesse a caravana em pleno Alentejo. Serpa foi o local escolhido para uma pequena reunião com simpatizantes do Bloco de Esquerda, mas foi com discrição, e depois de lançados desejos para a eleição de um deputado naquele território, que a caravana se dirigiu mais para sul.
À chegada a Rio de Moinhos, no concelho de Aljustrel a população veio, literalmente à rua. Mulheres assomavam à portas nas típicas casas caiadas, numa tarde onde o termómetro marcava 34 graus. A primeira paragem foi na Associação de Solidariedade Social da aldeia. À entrada uma pintura de Nossa Senhora de Fátima brindava os que chegavam. Lá dentro alguns idosos ficaram surpreendidos. "É simpático, sim senhor. Fiquei contente de o ver. Votar em quem? Ó menina, isso é segredo", reagia um septuagenário em tom simpático.
Louçã cumprimentou o responsável do centro, orgulhoso do apoio social que o seu centro disponibiliza aos mais idosos e a seu lado, o filho mais novo, muito bem penteado e arranjado, sorria amiúde a todos que passavam.
Entre os habituais cumprimentos, um dos utentes do centro foi apanhado desprevenido. Uma funcionária estava a fazer-lhe uma massagem numa perna e depois ia cortar-lhe as unhas dos pés. Ainda assim, olhou curioso para Francisco Louça e comentou: "É bom virem aqui, nunca cá vem ninguém", disse, para já mais baixinho e mais atento aos próprios pés do que ao candidato questionar: "Votar para quê?".
A caravana prosseguiu e na sala polivalente da Junta de Freguesia os matraquilhos foram arrastados para ao lado para dar lugar a um pequeno púlpito. Com tanto calor custava a respirar, mas ninguém arredou pé. "É para verem como somos unidos e gostamos sempre de ouvir os senhores doutores a falar da política", dizia um habitante.
Já cá fora, em jeito de espera, Indalécio Santos Lopes, de 69 anos dava conta do seu sofrimento: "Um médico do centro de saúde de Ourique deu-me um medicamento para tratar a artrite e sabe o que me aconteceu? Fiquei cego de uma vista! E agora ninguém se quer responsabilizar", contou desolado, mas apostado em fazer-se ouvir e ver, já que o carro em que seguia estava decorado com um cartaz a dar conta da sua história. Louça escutou-o, amparou-o e disse para seguir em frente na sua luta. "Ainda morro, sem ver nada resolvido", desabafou.