O Reino Unido anunciou, esta sexta-feira, um pacote de cem sanções à Rússia e mobilizou mais 164 milhões de euros de apoio para coincidir com a visita a Kiev da ministra dos Negócios Estrangeiros, Yvette Cooper.
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As sanções são direcionadas a 70 navios que fazem parte da chamada "frota fantasma", que transporta petróleo russo para a venda a países terceiros à margem das sanções internacionais.
Outras 30 sanções vão penalizar empresas que têm fornecido material eletrónico para o fabrico de armas russas, como a chinesa Shenzhen Blue Hat International Trade Co., Ltd. e os dois coproprietários russos, Elena Malitckaia e Alexey Malitskiy, a empresa turca Mastel Makina Ithalat Ihracat Limited Sirketi e o seu presidente-executivo, o azerbaijano Shanlik Shukurov.
Dos 142 milhões de libras (164 milhões de euros) de apoio anunciados, 100 milhões de libras (116 milhões de euros) serão direcionados para ajuda humanitária aos civis afetados pelos bombardeamentos na linha da frente.
Os restantes 42 milhões de libras (49 milhões de libras) serão aplicados na reparação da rede de distribuição de eletricidade e na proteção da rede de energia, incluindo de gás, para garantir o funcionamento durante o inverno.
Foto: Valentyn Ogirenko / AFP
Durante a visita, a ministra dos Negócios Estrangeiros, vai reunir-se com o homólogo, Andrii Sybiha, o presidente, Volodymyr Zelensky, e a primeira-ministra, Yulia Svyrydenko.
Yvette Cooper vai ainda visitar o edifício do Conselho de Ministros em Kiev, que foi danificado no ataque na semana passada, e um dos edifícios residenciais destruídos, onde vai escutar as experiências de ucranianos locais.
Esta é a primeira visita ao estrangeiro da chefe da diplomacia britânica desde que entrou em funções, na semana passada, na sequência de uma remodelação do Governo, substituindo o antecessor David Lammy.
"Quero deixar claro que o apoio do Reino Unido é inabalável e mais forte do que nunca, pois sabemos que a agressão russa representa uma ameaça à segurança e à estabilidade a longo prazo, não só para a Ucrânia, mas para toda a Europa e para todos nós aqui no Reino Unido", afirmou.
Cooper defendeu a necessidade de a comunidade internacional continuar a aumentar a pressão económica sobre a Rússia e cortar as receitas económicas que sustentam a guerra, em paralelo com o apoio militar.
A visita acontece poucos dias depois de o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, ter condenado a "violação flagrante e sem precedentes do espaço aéreo polaco e da NATO por drones russos".
Príncipe Harry visita feridos
O príncipe Harry, filho do rei Carlos III, também chegou hoje a Kiev para uma visita a militares feridos na guerra. Em declarações ao jornal britânico "The Guardian", Harry, que integrou as forças do Reino Unido no Afeganistão, destacou a necessidade de "ajudar no processo de recuperação" dos feridos de guerra.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já causou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia a cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado, em ofensivas com drones, alvos militares em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.