<p>Um ex-militante comunista conhecido por "Zé Cunhal" desde 1974 candidata-se agora pelo BE na freguesia de Miranda do Corvo, o que lhe valeu ter sido rebaptizado pelos conterrâneos como "Zé Louçã". "Os nomes não me carregam", afirma, divertido, José António Cruz, que trabalhou 28 anos no Serviço de Águas da Câmara Municipal, sector que chegou a chefiar. Ainda vogal da CDU na Junta liderada por Carlos Silva, do PSD, "Zé Cunhal", também "Zé Louçã", de 60 anos, conta que "as divergências com o PCP começaram há oito anos". A ruptura confirmou-se e o reformado aceitou encabeçar a lista do partido de Francisco Louçã na freguesia. "As alcunhas não me pesam, desde que não insultem a minha dignidade", garante José António, que conhece a maioria dos mirandenses.</p>
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"Ó Zé Cunhal, bom dia!", cumprimenta um funcionário da Câmara, quando se cruza com o amigo junto aos Paços do Concelho. O candidato do BE não renega as origens da velha alcunha que agora se transfigura. "Sou o José António, mais conhecido por Zé Cunhal!", apresenta-se. "Zé Cunhal", evocação da matriz revolucionária do pós-25 de Abril, ou "Zé Louçã" agradam-lhe de igual modo. "Até acho bem que me ponham esses nomes", confessa, frisando que os seus "padrinhos" são pessoas de quem gosta.
Teve "sempre muito apreço por Álvaro Cunhal", o falecido líder histórico do PCP, revelando depois simpatia pelo coordenador do BE. "Tenho grande apreço também por Francisco Louçã neste momento", o que, explica, já vinha a acontecer nos derradeiros mandatos como autarca da CDU.
Além de bloquistas, a lista do ex-militante do PCP "inclui eleitores afectos à CDU, PS e PSD", segundo o próprio "Zé Louçã", que foi dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local.