Acordo entre Israel e o Hamas começou este domingo, com a libertação de três mulheres, reféns no enclave palestiniano desde outubro de 2023.
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De sorriso na cara e passo tranquilo - foi como Romi Gonen, Emily Damari e Doron Steinbrecher saíram da carrinha da Cruz Vermelha que as transportou até um primeiro ponto de encontro na fronteira de Gaza, onde as forças especiais de Israel as aguardavam. Daí seguiram por terra para território israelita e, depois por ar, num helicóptero da Força Aérea que as levou para os braços das famílias.
As três mulheres, de 24, 28 e 31 anos, foram as primeiras de 33 reféns israelitas a serem libertadas pelo Hamas como parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo entre Telavive e o grupo palestiniano islamista, que começou este domingo de manhã (com três horas de atraso) e deve durar 42 dias (os próximos reféns deverão ser libertados no próximo sábado). Em troca, estava prevista ainda para esta noite a libertação de 90 palestinianos detidos na Prisão de Ofer, na Cisjordânia ocupada, onde, segundo a “Al Jazeera”, uma delegação da Cruz Vermelha se deslocou para verificar as identidades dos cidadãos reféns das forças israelitas.
Vítimas estáveis
As Forças de Defesa Israelita partilharam imagens do reencontro das três vítimas com as mães, que abraçaram com força ao fim de 471 dias em cativeiro. Estão “em condição estável”, segundo as primeiras avaliações clínicas, às quais se seguirão vários exames médicos nos próximos dias. Exceção feita à britânico-israelita Emily Damari, que ficou sem dois dedos no ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 - e que, volvidos mais de um ano e três meses, continuava ontem com a mão esquerda enfaixada -, as três mulheres chegaram fisicamente bem. “A condição delas permite-nos focar no que é importante, que é reunirem-se com as famílias, e adiar as questões médicas por algumas horas”, informou a diretora do Hospital Tel Hashomer, perto de Telavive, onde as três “heroínas” foram assistidas.
Celebração nas ruas
Apesar dos temores de uma trégua falhada, o arranque do acordo de cessar-fogo e libertação de reféns foi emocionadamente celebrado nas ruas, tanto em Israel como em Gaza, onde bandeiras israelitas e palestinianas foram agitadas sob o mesmo céu, que aguarda, por fim, uma paz duradoura.
Pormenores
“Das trevas para a luz”
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse que as três mulheres “passaram por um inferno” e que estavam a sair “das trevas para a luz, da escravatura para a liberdade".
Hamas quer cumprir
O porta-voz militar do Hamas, Abu Obeida, reiterou o compromisso com o acordo de cessar-fogo, que, defendeu, poderia ter sido alcançado há mais de um ano não fossem as “ambições maliciosas” de Netanyahu.
Camiões de alimentos em Gaza
Vários camiões com ajuda humanitária e primeiros-socorros começaram hoje a entrar no enclave palestiniano, asfixiado por carências severas. “Estamos a tentar chegar a um milhão de pessoas no menor tempo possível. O acordo é para 600 camiões por dia”, disse à France-Presse o vice-diretor executivo do Programa Alimentar Mundial da ONU, Carl Skau, “esperançoso” de que todas as travessias se mantenham abertas.
Adolescente morto
O cessar-fogo não chegou à Cisjordânia ocupada: um jovem palestiniano de 15 anos foi, este domingo, mortalmente baleado no peito pelas forças israelitas, no norte do território controlado por Israel.