738 dias em cativeiro: casal israelita reencontra-se depois de dois anos separado

Na época, um vídeo divulgado nas redes sociais mostrava o sequestro da jovem, na altura com 25 anos, num motociclo a gritar "Não me matem", naquela que se tornou uma das imagens mais reconhecidas do ataque do Hamas no festival de música que celebrava o feriado judaico de Sucot, que comemora a colheita do outono e a proteção divina que o povo de Israel recebeu durante a travessia de 40 anos pelo deserto, depois de fugir do Egito. O vídeo também mostrava o namorado, Avinatan Or, um engenheiro que foi levado para outro local.

Em janeiro de 2024, a família de Noa recebeu uma prova de vida: o Hamas divulgou um vídeo em que a jovem aparecia a pedir que o Exército de Israel parasse de bombardear Gaza. A mãe da jovem, a chinesa Liora Argamani, disse sofrer uma doença terminal e apelou que a deixassem ver a filha antes de morrer. Noa foi resgatada pelas forças israelitas a 8 de junho de 2024, com outros três reféns, depois de oito meses de cativeiro. Porém, Avinatan só foi libertado na segunda-feira, sendo um dos 20 reféns devolvidos no âmbito do cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Em fevereiro deste ano, Noa foi à ONU e apelou ao resgate do namorado e dos restantes reféns.

Agora, o casal voltou a reencontrar-se e, segundo as forças israelitas, "fumou o seu primeiro cigarro juntos em dois anos".

Numa publicação no Instagram, Noa escreveu que o casal vai "começar a recuperação juntos". "Nós os dois, contra todas as probabilidades, voltamos para casa e reunidos! Não consigo explicar em palavras o arco-íris de emoções quando o vi pela primeira vez depois de tanto tempo. Cada um de nós viu a morte diante dos nossos olhos em tantas ocasiões, no entanto, depois de dois anos separados, estamos finalmente a dar os nossos primeiros passos juntos em Israel. Ainda não consegui digerir o que aconteceu aqui nos últimos dois anos, mas ganhámos. Ganhámos a nossa guerra pessoal e a de todo o Mundo que lutou connosco para chegar a este momento e agora é hora de começarmos a nossa jornada conjunta juntos", lê-se.

Segundo Noa, Avinaton esteve sempre sequestrado em túneis, enquanto a jovem esteve com mulheres e crianças dentro de casas.

Tentou fugir e foi espancado

Em declarações à imprensa israelita, citadas pela emissora britânica BBC, o pai de Avinaton disse que o jovem foi mantido muito tempo sozinho e com "escassos" mantimentos alimentares, acorrentado em túneis e pequenos recintos durante os 738 dias em cativeiro. O refém, que tem cerca de dois metros de altura, foi sequestrado num espaço de 1,8 metros de altura.

Avinatan Or foi mantido em túneis durante dois anos
Foto: Gil Cohen-Magen/AFP

"Ele está extremamente magro", disse Yaron Or aos jornalistas, acrescentando que o filho "não tinha livros nem nenhum contacto humano", mas, a certa altura, recebeu um cubo mágico. O jovem tinha pouca informação sobre o mundo exterior, incluindo o paradeiro da namorada ou a extensão total dos ataques do Hamas e a subsequente ofensiva israelita. "À sua volta estavam guardas cujos familiares foram mortos em ataques das Forças de Defesa de Israel (IDF). Penso que é simplesmente um milagre não o terem ferido, exceto uma vez", continuou.

Avinatan terá tentado escapar enquanto era transportado por um túnel, mas foi capturado e espancado. "Ele está a partilhar as coisas gradualmente, não estamos a pedir diretamente. Fisicamente, ainda precisa de recuperar. Mas mentalmente, graças a Deus, é o mesmo Avinatan, com o mesmo humor, a mesma força", rematou o pai.