Uma carteira Christian Dior, oferecida à primeira-dama da Coreia do Sul, está a abalar a liderança do país. Kim Keon Hee terá recebido a carteira de luxo de um pastor.
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Imagens divulgadas no final do ano passado parecem mostrar um pastor a oferecer a Kim Keon Hee, mulher do presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol, uma carteira Christian Dior. Segundo a BBC, o vídeo, publicado no YouTube pelo canal Voice of Seoul, terá sido filmado secretamente, em setembro de 2022, pelo pastor Choi Jae-young, que usava uma câmara escondida no relógio.
As imagens parecem mostrar Choi Jae-young a caminhar até uma loja para comprar a carteira, que custava três milhões de won (equivalente a 2070 euros). Depois, o pastor visita a Covana Contents, uma empresa em Seul propriedade da primeira-dama, onde Kim Keon Hee, de 51 anos, pergunta ao pastor: "Porque me continua a trazer essas coisas?".
Embora o vídeo não mostre explicitamente Kim Keon Hee a aceitar o presente, o "Korea Herald" adianta que o gabinete presidencial confirmou a receção da carteira, acrescentando que estava a "ser administrada e armazenada como propriedade do governo". Por sua vez, a agência de notícias Yonhap está a planear abordar a questão "já este mês".
Controvérsia acontece três meses antes das eleições
A lei da Coreia do Sul determina que é ilegal que funcionários públicos e os seus cônjuges recebam presentes de valor superior a um milhão de won (cerca de 690 euros) de uma só vez ou um total de três milhões de won (2070 euros) num ano fiscal. O escândalo acontece apenas três meses antes das eleições legislativas da Coreia do Sul e, segundo analistas políticos, ameaça as perspetivas do partido do presidente nas eleições de abril.
Uma sondagem recente mostra que 69% dos eleitores sul-coreanos querem uma explicação do presidente sobre as ações da primeira-dama. Uma sondagem anterior, realizada em dezembro, mostrou que 53% dos entrevistados acreditavam que o seu comportamento era inadequado.
Divisões dentro do partido
A oposição não demorou a criticar Yoon Suk-yeol e o seu partido, o Partido do Poder Popular. “Não faz sentido que o gabinete presidencial e o partido no poder continuem a ignorar isto e a falar como se um pedido de desculpas fosse pôr fim ao assunto”, disse o líder do Partido Democrata, Hong Ik-pyo.
A polémica também teve consequências dentro do próprio Partido do Poder Popular. Segundo a imprensa internacional, o presidente, de 63 anos, terá pressionado a renúncia do líder do partido, Han Dong-hoon, depois de Han comentar que a controvérsia “pode ser uma questão de preocupação pública”.
Também na semana passada, outra líder do Partido do Poder Popular, Kim Kyung-yul, comparou a primeira-dama com Maria Antonieta, uma rainha francesa que ficou famosa pelos seus modos extravagantes.
Primeira-dama envolvida noutras polémicas
Esta não é a primeira vez que a primeira-dama da Coreia do Sul está envolvida em polémicas. Kim Keon Hee já foi acusada pela oposição de estar envolvida na manipulação dos preços das ações. No início deste mês, Yoon Suk-yeol vetou um projeto de lei que exigia que a mulher fosse investigada por causa dessas acusações.
No ano passado, o governo de Seul descartou um projeto de via rápida porque a sua construção alegadamente beneficiaria financeiramente a família da primeira-dama ao aumentar os preços dos terrenos que possuem.