Foram registadas temperaturas três a quatro graus centígrados mais altas do que o normal, com ondas de calor a bater recordes em França e na Alemanha.
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O ano passado foi o mais quente na Europa desde que há registos, com períodos de excecional calor em fevereiro, junho e julho e um dos novembros mais chuvosos de que há memória, revela o relatório "European State of the Climate". O documento indica, igualmente, que 11 dos 12 anos mais quentes no continente europeu ocorreram nas duas últimas décadas.
No verão, a Europa central experimentou a seca, mas, no fim do ano, choveu quatro vezes mais do que usual nos países mais ocidentais e do sul.
Ainda no estio, em certas partes da Europa, foram registadas temperaturas três a quatro graus centígrados mais altas do que o normal, com ondas de calor em junho e julho a bater recordes em França e na Alemanha.
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Por outro lado, uma onda de calor na Gronelândia quebrou recordes em termos de degelo, ainda que a Europa ártica tenha registado temperaturas mais baixas ao longo de 2019 do que noutros anos mais recentes, com a média mais baixa desde 2010. Ainda assim, os glaciares europeus perderam cerca de 16 toneladas de água por metro quadrado desde 1997.
Os dados confirmam uma tendência global de aquecimento, reforçados pela Organização Meteorológica Mundial, que, no respetivo relatório sobre 2019, aponta que o ano passado foi o segundo mais quente desde que existem registos, com os oceanos a atingirem as mais elevadas temperaturas registadas.
Duas crises
Petteri Taalas, secretário-geral da organização, disse, ao jornal britânico "The Guardian", que, "embora a crise do novo coronavírus venha a contribuir para uma queda temporária das emissões de gases com efeito de estufa, ela também vai tornar mais difícil o auxílio às populações afetadas pelo impacto das alterações climáticas. Ignorar a crise ambiental será mais grave do que a pandemia".
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Outro secretário-geral, no caso, o das Nações Unidas, António Guterres, não diverge muito de Taalas. Numa mensagem a propósito do Dia da Terra, celebrado ontem, referiu que "o impacto do novo coronavírus é imediato e terrível. Mas há outra emergência profunda: a crise ambiental do planeta. Devemos agir de forma decisiva para o proteger, tanto da Covid-19 como da ameaça existencial das perturbações climáticas".
Entre as propostas que avançou para a mudança de paradigma, elencou que "os subsídios aos combustíveis fósseis devem terminar e os poluidores devem começar a pagar pelos seus atos", ao que acrescentou: "Quando o dinheiro dos contribuintes for usado para resgatar empresas, deve estar vinculado à obtenção de empregos verdes e ao crescimento sustentável".