Cobertura intensiva faz com que invasão da Ucrânia pela Rússia seja a primeira guerra do TikTok.
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Quando o soldado ucraniano Alex Hook deixou de publicar vídeos no TikTok para mostrar à filha que estava vivo, o mundo temeu. Com receio de que fosse mais uma vítima da guerra na Ucrânia, o militar, que se tornou viral por mostrar os bastidores do conflito, logo descansou os 4,3 milhões de seguidores com um "estou vivo". Como Hook, também a jovem Valerissh tornou-se uma "sensação" ao ganhar mais de sete milhões de seguidores por contar como (sobre)vivia num abrigo subterrâneo desde que Chernihiv fora bombardeada.
Quando eclodiu a guerra, em fevereiro, milhões de pessoas, entre as quais crianças e adolescentes, recorreram a plataformas sociais, como o TikTok, para obter informações em tempo real.
"Esta é a primeira guerra a sério com redes sociais no mundo inteiro. Como o TikTok é a rede social do momento, à boleia da pandemia, tem sido muito utilizada pelas pessoas que lá estão, especialmente pelos mais jovens", explica ao JN o especialista em redes sociais Paulo Rossas.
Com as redes invadidas por notícias falsas e enganosas sobre o conflito, começou a ser cada vez mais necessário impedir a disseminação de desinformação. Reconhecendo o TikTok como uma "fonte de notícias dominante" nos EUA entre a "Geração Z", e como seria importante transmitir informações credíveis e oficiais, a Casa Branca decidiu "capacitar" os criadores de conteúdos. Para isso, há pouco mais de uma semana convidou 30 "estrelas" daquela rede social para, via Zoom, informá-los de quais seriam, por exemplo, os objetivos estratégicos dos EUA na Ucrânia, sobre como estava a ser distribuída a ajuda aos ucranianos ou como os EUA reagiriam ao uso pela Rússia de armas nucleares. A mensagem acabaria por chegar a milhões.
Na guerra mais online de todos os tempos, pelo menos até à próxima, como afirmou o jornalista norte-americano Ryan Broderickk, num dos episódios do seu podcast "As Minas de Conteúdo", nunca como agora se documentou uma guerra como a da Ucrânia, com a Rússia a bloquear ou a restringir o acesso às plataformas sociais.
Conflito
Consumo nas redes sociais "em máximos"
Em Portugal, é no Twitter que mais se fala da guerra. "Foi, de resto, a plataforma que mais cresceu com o conflito", adianta Paulo Rossas. Para o diretor de inovação da Lisbon Digital School, é no Facebook onde existe mais desinformação. A razão? "É onde se encontra um target mais envelhecido", justifica, para acrescentar que o consumo de conteúdos sobre a guerra está em "máximos".