A vitimização de Putin e a confiança inabalável de Zelensky no triunfo da Ucrânia
O 75.º dia da guerra na Ucrânia coincidiu com as celebrações do Dia da Vitória, na Rússia, que assinala e comemora a vitória sobre a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial. Contra todas as expectativas, Putin não deu pistas quanto ao rumo da invasão, limitou-se a glorificar o passado soviético e falou, mais uma vez, num "ataque preventivo". Já Zelensky não deixou a data em branco e, num vídeo, garantiu que "em breve haverá dois Dias da Vitória" na Ucrânia.
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- No Dia da Vitória, Vladimir Putin surpreendeu tudo e todos com um discurso focado no passado e sem levantar o véu quanto ao futuro da guerra. O presidente russo não traçou nenhum objetivo, não estabeleceu datas, não exibiu as vitórias da guerra e não definiu o rumo da invasão. O líder do Kremlin limitou-se a glorificar o passado soviético e desresponsabilizou o papel da Rússia no "ataque preventivo" à Ucrânia, culpabilizando o Ocidente por ameaçar a segurança do povo russo na região do Donbass. As celebrações na Praça Vermelha, em Moscovo, ficaram ainda marcadas por uma parada militar onde participam cerca de 11 mil militares.
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- Também a propósito do Dia da Vitória, Volodymyr Zelensky emitiu uma declaração em que assegura a vitória do país na guerra. "Estamos a lutar pela liberdade dos nossos filhos e, portanto, venceremos. Nunca esqueceremos o que nossos ancestrais fizeram na Segunda Guerra Mundial, que matou mais de oito milhões de ucranianos. Muito em breve haverá dois 'Dias da Vitória' na Ucrânia. E alguém não terá nenhum. Nós vencemos na altura, vamos vencer agora", afirmou o presidente ucraniano no dia em que se assinalam os 77 anos do dia da vitória contra a Alemanha nazi.
- A cidade ucraniana de Odessa foi hoje de novo bombardeada com mísseis, enquanto decorria uma visita não anunciada do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que foi forçado a procurar refúgio. A câmara municipal da cidade portuária detalhou que os quatro mísseis, do tipo Oniks, foram lançados a partir de um sistema estacionado na península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. Ainda durante a visita, o presidente do Conselho Europeu afirmou que o "Kremlin quer suprimir" o "espírito de liberdade e democracia" dos ucranianos, mas afirmou-se "convencido de que nunca terá sucesso". Reiterando o apoio da União Europeia ao povo da Ucrânia.
- O embaixador russo na Polónia, Sergei Andreyev, foi atacado, em Varsóvia, por pessoas que lhe atiraram com tinta vermelha durante uma cerimónia do Dia da Vitória contra a Alemanha nazi, em 1945. Alguns dos manifestantes tinham bandeiras ucranianas e lençóis brancos com manchas vermelhas, simbolizando as vítimas ucranianas da guerra iniciada pela invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, segundo as agências de notícias internacionais.
- Segundo o último balanço da situação em Mariupol, mais de 170 civis foram retirados com sucesso da siderúrgica Azovstal, na cidade martirizada, e chegaram a Zaporíjia, confirmaram as autoridades, que elevaram para mais de 600 o número de pessoas já retiradas da fábrica e de Mariupol, no total.
- O Ministério da Defesa da Ucrânia declarou, esta segunda-feira, que as tropas russas, apoiadas por tanques e artilharia, estão a realizar "operações de assalto" no complexo siderúrgico de Azovstal, em Mariupol, onde estão escondidos os últimos combatentes da cidade. O porta-voz do ministério, Oleksandr Motuzyanyk, disse que pode haver futuros ataques, sem dar mais detalhes. A Rússia tem sempre negado as alegações da Ucrânia sobre tentativas russas de invasão da fábrica.
- O Exército russo atacou hoje a segunda maior refinaria da Ucrânia, localizada na cidade de Lysychansk, na província oriental de Lugansk, local de combates violentos desde o início da invasão. Como resultado do fogo de artilharia russo, as instalações da refinaria ficaram a arder e existe risco de explosão, segundo afirmou a procuradora e comissária dos Direitos Humanos do Parlamento ucraniano, Lyudmyla Denisova, numa mensagem através das redes sociais.
- O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu à Rússia e à Ucrânia que acelerem as negociações para alcançar uma solução pacífica para o conflito, em linha com o direito internacional. Guterres enfatizou que tal acordo deve respeitar o direito internacional e a Carta das Nações Unidas.
- A Ucrânia completou a segunda parte do questionário para obter o estatuto de candidato à adesão à União Europeia (UE), coincidindo com a celebração do Dia da Europa, anunciou o presidente ucraniano. "Obrigado pelos sinais claros de apoio neste importante caminho para nós", disse Zelensky dirigindo-se a Von der Leyen, citado pela agência espanhola EFE.
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- O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) viajou para Kiev para entregar 20 ambulâncias e reunir-se com os funcionários da organização com o objetivo de aumentar a assistência às vítimas da guerra. "Conheço o horror que as pessoas na Ucrânia experimentam e quero que a paz regresse", declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus numa mensagem publicada na rede social Twitter.
Dados
- ONU confirmou hoje que pelo menos 3381 civis morreram e 3680 ficaram feridos em dois meses e meio de guerra na Ucrânia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores. Das vítimas mortais confirmadas pelo Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), 235 são crianças, e há também 346 crianças entre os feridos, de acordo com as estatísticas diariamente atualizadas.
- Portugal atribuiu até esta segunda-feira 35 778 pedidos proteção temporária a pessoas que fugiram da guerra da Ucrânia, dos quais mais de 33% foram a menores, segundo a última atualização feita pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).