A polícia britânica está a investigar alegações de que a fundação do príncipe Carlos ofereceu "honras e cidadania" a um saudita em troca de doações.
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Em causa está, segundo um comunicado da Polícia Metropolitana, uma carta recebida em setembro de 2021 sobre relatos de que Michael Fawcett, estão chefe executivo da fundação do príncipe, ter-se-á oferecido para ajudar a garantir honras e cidadania a um cidadão saudita.
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Esta quarta-feira, a Polícia Metropolitana informou que as ofensas violam a Lei de 1925 - Honras (Prevenção de Abusos), mas garantiu que não há, de momento, detenções nem interrogatórios no âmbito da investigação.
"A fundação forneceu vários documentos relevantes", disseram as autoridades. "Esses documentos foram revistos juntamente com as informações existentes. A avaliação determinou que se iniciará uma investigação".
A fundação do príncipe, por sua vez, afirmou que seria "inapropriado comentar sobre uma investigação em andamento". Já a Clarence House, residência oficial de Carlos, reiterou que "o Príncipe de Gales não tinha conhecimento da suposta oferta de honras ou cidadania britânica com base na doação para as suas instituições de caridade".
Dezenas de milhares de libras em troca de cidadania britânica
Em setembro, o "Sunday Times" revelou que o multimilionário Mahfouz Marei Mubarak bin Mahfouz terá pagado dezenas de milhares de libras a pessoas ligadas ao príncipe Carlos que lhe disseram que poderiam garantir a honra.
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Segundo o jornal britânico "The Guardian", Bin Mahfouz tem sido um dos doadores mais prolíficos para as instituições de caridade do príncipe e até tem uma floresta com o seu nome no Castelo de Mey, anteriormente a casa da rainha-mãe e agora uma das residências escocesas do príncipe. As doações de mais de 1,5 milhões de libras (1,79 milhões de euros) ajudaram a financiar reformas de residências usadas por Carlos e outros empreendimentos de caridade. A instituição lista publicamente Mahfouz como patrono.
Quando as alegações surgiram, a fundação do príncipe lançou uma investigação interna que, por sua vez, levou um dos assessores mais próximos do príncipe Carlos, Michael Fawcett, a deixar temporariamente o cargo na fundação.
Mais uma polémica na Família Real
A notícia da investigação surge numa altura em que a Família Real britânica está debaixo de fogo devido à perda de todos os títulos militares e reais do outro filho da rainha Isabel II, o príncipe André, que se viu envolvido num escândalo sexual ligado ao multimilionário Jeffrey Epstein. O monarca é acusado de ter abusado sexualmente de Virginia Giuffre em 2001.
Na terça-feira, o príncipe André chegou a um "acordo de princípio" com Virginia Giuffre. "Virginia Giuffre e Príncipe André chegaram a um acordo extrajudicial. As partes apresentarão um documento de desistência da queixa após a receção do acordo por Giuffre (cuja quantia não está a ser revelada)", lia-se num documento apresentado a um tribunal norte-americano.
O britânico revelou ainda que pretende contribuir para uma instituição de apoio a vítimas de tráfico sexual e que vai demonstrar o seu arrependimento, por se ter associado a Epstein, que tirou a sua vida na prisão enquanto enfrentava julgamento por tráfico sexual.