Uma das agências noticiosas dominadas pelo Kremlin terá publicado por engano um texto que antecipava e enaltecia a vitória sobre a Ucrânia. A publicação foi apagada, mas continuou visível noutras páginas online.
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A agência noticiosa russa RIA Novosti publicou um artigo no sábado passado em que elogiava o sucesso da Rússia na invasão à Ucrânia, iniciada dois dias antes. A publicação terá sido feita por engano, uma vez que foi rapidamente apagada do site. No entanto, permaneceu noutras páginas online.
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Segundo a BBC News, o texto aplaudia o presidente russo, Vladimir Putin, por ter resolvido o "problema" e dizia ainda que "a Ucrânia voltou para a Rússia" no decurso da ação militar que começou na passada quinta-feira. Ou seja, o autor do artigo antecipou uma rápida vitória das tropas russas e o texto foi publicado prematuramente.
O Bellingcat, um site que tem sede nos Países Baixos e se dedica à verificação de factos, descreve a publicação como "extremamente chocante, até para os padrões do Kremlin". Como todas as outras agências noticiosas do país, a RIA Novosti é controlada pelo Estado.
Alguns utilizadores da rede social Twitter classificaram a publicação como uma celebração da vitória. Apesar de a RIA Novosti a ter apagado, ficou visível num arquivo online, na página de outra agência, a Sputnik News, e, ainda, numa versão em inglês publicada sob o título "A nova ordem mundial" no site do jornal Frontier Post, do Paquistão.
A versão paquistanesa é assinada por Petr Akopov, que afirma que a Rússia está a liderar uma nova ordem mundial, ao acabar com a "terrível catástrofe" que foi o fim da União Soviétia, em 1991.
À medida que o mundo ocidental aperta o cerco a Putin, quer com restrições a nível económico e financeiro, quer fornecendo armamento e apoio monetário à Ucrânia, os meios de comunicação russos controlados pelo Kremlin prosseguem o seu processo de desinformação, com o objetivo de iludir a população. Continuam a chamar à invasão uma "operação militar especial" que visa apoiar os rebeldes pró-russos do Leste da Ucrânia e "desnazificar" o país liderado por Volodymyr Zelensky.
Não há referências a baixas humanas nem à resposta dos ucranianos, que continuam a defender-se e a lutar pela sua liberdade e a sua independência. Só alguns meios de comunicação social pequenos, independentes e com muito pouca audiência estão a divulgar relatos mais próximos da realidade, enquanto a entidade reguladora da comunicação social da Rússia vai restringindo o acesso da população ao Facebook e ao Twitter.