Albânia está “cega de amor” pela União Europeia, mas tem de “arrumar a casa” e ouvir o povo
Há 15 anos que a Albânia anseia embarcar no sonho europeu, mas apesar dos “passos notáveis” reconhecidos por Bruxelas, “ainda há muito por fazer”. Organizações da sociedade civil exigem ter voz no processo de discussão e jornalistas querem um país atento, crítico e livre de propaganda.
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Que o povo albanês quer pertencer à família europeísta, não restam dúvidas. O que falta é sentirem-se parte do processo. Há 15 anos que o país dos Balcãs, cravejado de bunkers por todo o território - estima-se que sejam mais de 170 mil, herança da ditadura de Enver Hoxha -, bateu à porta de Bruxelas e está agora mais próximo de integrar a União Europeia (UE). Com a abertura das negociações do capítulo um, que dita as reformas em áreas fundamentais como a justiça, a liberdade ou a segurança, as organizações da sociedade civil exigem ter voz na transformação de um país onde o jornalismo navega num “oceano de irrelevância”.
Apesar de reconhecer que “ainda há muito por fazer”, o embaixador da UE na Albânia considera que “se deram alguns passos notáveis” e que é preciso mostrar ao povo que Bruxelas “reconhece os esforços que têm sido feitos para reformar e modernizar o país”. “A Albânia esperou demasiado tempo”, afirmou Silvio Gonzato, aos jornalistas portugueses em viagem a Tirana. Os mais de 90% de albaneses a favor do sonho europeu têm como principal entusiasta o primeiro-ministro, Edi Rama, que chefia o Governo desde 2013 e que descreve a adesão à UE como um “desejo nacional” e a “maior bênção de um país, sobretudo em desenvolvimento”.