Líderes tribais de Sirte, cidade natal de Muammar Kadafi, contactaram o Conselho Nacional Transitório líbio para negociar a rendição. Há ainda algumas escaramuças no país, mas Kadafi já não manda na Líbia e está em parte incerta. Comunidade Internacional ao lado dos rebeldes, com excepção de Hugo Chavez.
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Os líderes tribais fiéis a Muammar Kadafi, cujo número e influência não foram especificados, disseram que não defenderão mais o coronel, disse o porta-voz do Exército rebelde, Ahmad Bani, em declarações à agência EFE.
A cidade de Sirte fica a 450 quilómetros a este de Tripoli e é uma principais praças das forças pró-Kadafi depois do avanço das tropas rebeldes na capital. Alguns analistas especulam que poderia ser um refúgio para o ditador, que está em parte incerta, desde que os rebeldes tomaram, sem grande resistência, o complexo onde residia o ditador líbio.
Segundo o porta-voz do Exército rebelde, "os combates na Líbia terminarão em 72 horas", mas a "transição começa imediatamente" para construir uma "nova Líbia", anunciou o número dois da oposição do país, Mahmoud Jibril, possivelmente o futuro líder líbio.
"A transição começa imediatamente", afirmou, em Doha, Qatar, Jibril, que dirige o executivo da rebelião e é o número dois do Conselho Nacional de Transição (CNT), o órgão político da oposição na líbia.
"Vamos construir uma nova Líbia, com todos os líbios, como irmãos, por uma nação unida, civil e democrática. Haverá uma primeira eleição constitucional mas enquanto isso pedimos que sejam dignos da revolução e de construir um novo país", acrescentou Jibril.
O CNT foi oficialmente criado a 27 de Fevereiro em Bengazi, nos dias que se seguiram ao início da revolta popular contra o regime do coronel Muammar Kadafi, no poder há mais de quatro décadas.
"Os nossos revolucionários escreveram uma página de história, em particular os de Djebel Nefussa, de Zawiyah e de Misrata. Eles conseguiram libertar Tripoli, eles estão nos nossos corações", prosseguiu o responsável do CNT.
"É preciso reconstruir as nossas feridas, uma Líbia unida, uma Líbia de todos e para todos, de todas as vilas e cidades para apresentar uma face unida ao mundo", disse ainda Jibril, no Qatar, que apoia a revolução.
O chefe do Governo italiano, Sílvio Berlusconi, vai reunir-se na quinta-feira, em Milão, com o número dois da oposição líbia, Mahmoud Jibril, anunciaram os serviços de imprensa governamentais.
O chefe da diplomacia italiana, Franco Frattini, tinha já referido um possível emcontro entre os dois homens, na quarta ou quinta-feira, indicando que ocorreria em Milão, onde se encontra Berlusconi. O Presidente francês, Nicolas Sarkozy, recebeu já Mahmoud Jibril.
A comunidade esforça-se para acelerar o processo de pacificação da Líbia. Os Estados Unidos estão a trabalhar para desbloquear, nos próximos dias, "entre um e 1,5 mil milhões de dólares" de ativos líbios congelados para apoiar os rebeldes, anunciou o Departamento de Estado norte-americano.
O dinheiro será atribuído ao CNT, o órgão político da oposição na Líbia, para "responder às necessidades humanitárias e para ajudar a estabelecer um governo seguro e estável", afirmou Victoria Nuland, porta-voz do Departamento de Estado.
A quantia avançada representa "um pouco menos de metade" dos activos do regime de Kadhfi detidos nos Estados Unidos sob forma de dinheiro líquido, esclareceu a responsável. No total, estão cerca de 37 mil milhões de dólares de activos líbios, sob várias formas, congelados nos Estados Unidos.
A nota dissonante vem da Venezuela. "Nós reconhecemos um só Governo, o que dirige Muammar Kadhafi. Esse é o Governo da Líbia, não há outro Governo para nós", disse o presidente venezuelano, Hugo Chavez.
"O imperialismo tem agora uma nova estratégia, põe os povos a brigar como cães, como quando eu era menino e ponha os 'bachacos' (variedade de formiga grande) a brigar, armar aqui, armar acolá, bombardear e depois tomar esse país, saquear, tirar as reservas internacionais e o petróleo", disse.