
João Lourenço pediu aos cidadãos angolanos para valorizarem as conquistas alcançadas
Foto: Ampe Rogério / Lusa
O presidente de Angola, João Lourenço, apelou esta terça-feira ao povo para largar as disputas passadas e juntar forças na construção de um futuro melhor no país, à margem da celebração dos cinquenta anos da independência.
O presidente angolano pediu hoje aos cidadãos para valorizarem as conquistas alcançadas e deixarem para trás disputas e querelas partidárias. "Estamos cientes de que há ainda muito por fazer e que a grande obra da promoção do desenvolvimento de Angola não é realizável em apenas duas décadas de paz", discursou João Lourenço durante as comemorações do cinquentenário da independência, em Luanda.
O chefe de Estado apelou à colaboração na construção de um futuro melhor, para que "Angola se possa orgulhar dos seus filhos". Ao assinalar o aniversário, João Lourenço destacou também a importância da paz conquistada em 2002. "Uma vez conquistada a paz e criadas as premissas para uma efetiva reconciliação nacional, aproveitemos esta oportunidade única para construirmos juntos uma sociedade inclusiva e com igualdade de oportunidades para todos os cidadãos", disse.
"A independência de Angola deu início a uma nova era de esperança e possibilidades para o continente africano"
António Costa, presidente do Conselho Europeu
João Lourenço considerou essencial que Angola canalize a energia nacional para o desenvolvimento económico e social, e defendeu também o fortalecimento do setor privado, com um maior investimento na educação, para reduzir o analfabetismo e integrar todas as crianças no ensino.
O presidente sublinhou que o país está "a dar passos firmes para romper o ciclo de subdesenvolvimento" e apontou o Corredor do Lobito como um projeto de "grande envergadura", que vai desempenhar um papel decisivo na interconexão com África e "tornar a economia nacional mais robusta e capaz de responder às necessidades do país". Por outro lado, considerou essencial que o país "valorize os que arregaçam as mangas e fazem acontecer", sendo estes os merecedores de medalhas entregues no âmbito dos 50 anos de independência.
"Hoje, a vossa nação ergue-se como líder regional. É uma história da qual os vossos fundadores se orgulhariam"
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos

O desfile cívico e militar contou com representantes das 18 províncias do país (Foto: Ampe Rogério / Lusa)
Reforma na ONU
O presidente angolano disse que Angola vê o Mundo "com apreensão" e criticou a "banalização da vida humana" nas guerras e a "impotência" das Nações Unidas face aos conflitos mundiais. Lourenço defendeu o multilateralismo e insistiu na necessidade de reforma da ONU, por já não refletir a realidade do equilíbrio de poderes e da configuração geopolítica mundial.
O país tem uma sensibilidade "muito especial" para as questões da guerra, da paz e da liberdade e independência dos povos, apontou. "Mal tínhamos acabado de vencer o colonialismo português, que nos oprimiu e escravizou durante séculos, tivemos de imediato de enfrentar o regime retrógrado do apartheid, que representava uma ameaça permanente aos povos da África Austral e de Angola em particular, por nos ter agredido, invadido e estar assente na ideia da superioridade de uma raça sobre outra e no segregacionismo como modelo de sociedade", salientou, dizendo que Angola correu "sério risco de ser colonizada duas vezes".
Luanda vestiu-se de vermelho e amarelo para celebrar a independência, num ambiente de festa, otimismo e esperança para enfrentar o futuro. O marco histórico assinalou-se oficialmente no Memorial António Agostinho Neto, na Praça da República, entre música, desfiles e homenagens ao primeiro presidente de Angola. As celebrações começaram de manhã cedo, à medida que milhares de convidados chegavam, entre eles o presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Por ali passaram representantes das 18 províncias do país, num desfile cívico e militar com milhares de participantes, sob o olhar dos 14 chefes de Estado e de Governo que acompanharam nas bancadas.

Marcelo Rebelo de Sousa esteve presente nas cerimónias (Foto: Ampe Rogério / Lusa)
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