O antigo CEO da Volkswagen, Martin Winterkorn, sabia das fraudes nas emissões diesel um ano antes do escândalo se tornar público, revelou um comunicado da empresa alemã.
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A Volkswagen emitiu um comunicado, esta quarta-feira, em que afirma que Martin Winterkorn, na altura Presidente do Conselho de Administração da Volkswagen AG, recebeu um memorando que detalhava os valores das emissões diesel.
A fabricante alemã, que sempre afirmou que o ex-presidente não sabia da fraude, explicou agora que, a maio de 2014, "um memorando sobre o estudo do ICCT [The International Council on Clean Transportation] foi preparado para Martin Winterkorn". A empresa explicou que este foi incluído numa extensa lista de emails de fim de semana, pelo que não está documentado se Winterkorn realmente tomou conhecimento do caso.
Contudo, a novembro de 2014, o antigo CEO voltou a ser informado do problema. "A 14 de novembro de 2014, Winterkorn recebeu outro memorando que reportava, entre outras coisas, os vários casos, na altura atuais, de defeito do produto e referia uma estrutura de custos de aproximadamente 20 milhões de euros relativa à emissão de diesel na América do Norte", lê-se no comunicado da Volkswagen.
O comunicado também revelou que Winterkorn e o Presidente da Volkswagen Herbert Diess estiveram presentes na reunião de julho de 2015, em que as emissões diesel voltaram a ser assunto. A Volkswagen disse que "não é claro se os participantes perceberam naquele momento que a mudança de software violava a regulação ambiental norte-americana" e acrescentou que Winterkorn "pediu mais esclarecimentos sobre o assunto".
A fabricante alemã referiu que a questão do diesel "não recebeu particular atenção por parte da direção da Volkswagen". Só a agosto de 2015 é que técnicos da Volkswagen explicaram detalhadamente as irregularidades na emissão de óxidos de nitrogénio (alguns carros estavam a produzir 35 vezes mais emissões do que o permitido) aos advogados da empresa, o que fez com que Conselho de Administração percebesse na totalidade o problema.
A EPA ("Environment Protection Agency") tornou públicas as fraudes cometidas nas emissões de diesel a setembro de 2015. Martin Winterkorn demitiu-se no mesmo mês, alegando não ter tido conhecimento da situação.