"Antissemita e mentiroso": ministro dos Negócios Estrangeiros israelita ataca novamente Sánchez
O chefe da diplomacia israelita atacou novamente o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, chamando-lhe "antissemita" e "mentiroso" por exortar à expulsão de Israel de competições desportivas internacionais em retaliação pela "invasão" da Faixa de Gaza.
Corpo do artigo
"Israel invadiu Gaza a 7 de outubro [de 2023], ou foi o Estado terrorista Hamas que invadiu Israel e cometeu o pior massacre de judeus desde o Holocausto?", questionou Gideon Saar, numa mensagem publicada nas redes sociais.
Para o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, "Sánchez e o seu Governo comunista são antissemitas e inimigos da verdade".
An antisemite and a liar. Did Israel invade Gaza on Oct. 7th or did the Hamas terror state invade Israel and commit the worst massacre against the Jews since the Holocaust? Sánchez and his Communist government are antisemites and enemies of the truth. https://t.co/n5ovAxlEBC
- Gideon Sa'ar | גדעון סער (@gidonsaar) September 15, 2025
Gideon Saar emitiu nos últimos dias várias críticas diretas a Pedro Sánchez, a quem no domingo acusou "de incitar" os manifestantes pró-palestinianos antes do cancelamento da última etapa de La Vuelta em bicicleta, o que considerou "uma vergonha" para Espanha.
O primeiro-ministro espanhol, no entanto, reiterou que a posição do Governo em relação à guerra que Israel trava há quase dois anos na Faixa de Gaza é "clara e inequívoca" e equiparou as ações da Rússia às de Israel.
"Até que a barbárie cesse, nem a Rússia nem Israel devem participar em qualquer competição internacional", sustentou.
Israel declarou a 7 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o movimento islamita palestiniano Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1200 pessoas, na maioria civis, e raptando 251.
A guerra no enclave palestiniano fez, até agora, pelo menos 64 905 mortos, na maioria civis, e cerca de 165 mil feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados em escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas pelo bloqueio de ajuda humanitária durante mais de dois meses, seguido da proibição israelita de entrada no território de camiões com ajuda de agências humanitárias da ONU e organizações não-governamentais (ONG).
Alguns mantimentos estão desde então a entrar a conta-gotas e a ser distribuídos em pontos considerados "seguros" pelo Exército, que regularmente abre fogo sobre civis palestinianos famintos, tendo até agora matado 2497 e ferido pelo menos 18 182.
Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo, mas a 22 de agosto emitiu uma declaração oficial do estado de fome na cidade de Gaza e arredores.
Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusara Israel de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), e uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais e israelitas de defesa dos direitos humanos.
O Governo de Gaza denunciou a 12 de setembro que a zona de Al-Mawasi, onde as autoridades israelitas "confinaram cerca de 800 mil pessoas afirmando falsamente que era uma zona humanitária segura, foi alvo de mais de 109 bombardeamentos, que fizeram mais de 2.000 mortos".
A isto, acrescentou, soma-se a falta de hospitais em condições de funcionamento adequadas, infraestruturas de qualquer espécie e bens de primeira necessidade.
"A zona designada como "refúgio" representa menos de 12% da superfície da Faixa de Gaza e [Israel] está a tentar forçar mais de 1,7 milhões de pessoas a nela se aglomerar, no âmbito de uma política sistemática de evacuação da cidade de Gaza e da zona a norte, e impedir o seu regresso", recriminou o Governo do Hamas, no poder no enclave desde 2007.