António Guterres atirou para sexta-feira a esperada retirada de civis da martirizada Mariupol, mas não dá garantias. A partir de Kiev, onde na quinta-feira se encontrará com Zelensky, disse que há "disponibilidade" para estabelecer corredores humanitários mas manifestou "humildade" quanto ao seu papel junto de Putin.
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"Estamos a negociar a retirada de civis de Mariupol", disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Kiev, onde chegou esta quarta-feira em visita oficial e onde amanhã estará com o líder ucraniano. "O nosso objetivo é sexta-feira, mas não posso garantir, porque estamos ainda a discutir", estimou António Guterres, acrescentando que recebeu, ontem, no encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, a confirmação de que "há um acordo de princípio" para evacuar o martirizado bastião da resistência ucraniana.
"Há disponibilidade, em geral, para se discutir corredores", acrescentou o líder da ONU, lembrando que a operação de evacuação da cidade portuária "é particularmente delicada", uma vez que as pessoas que devem ser retiradas não estão nas suas casas nem nas ruas, mas sim "dentro de uma fortaleza subterrânea, em condições verdadeiramente dramáticas".
António Guterres, que na terça-feira se encontrou também com o presidente russo, disse hoje, em declarações aos jornalistas portugueses, ter a "humildade" de entender que pode dar o seu contributo na resolução do conflito, mas que não é preponderante: "Sei que não consigo convencer totalmente Putin". E reiterou o papel que as Nações Unidas têm tido tanto no apoio humanitário ao povo ucraniano como no acompanhamento "regular" das negociações de paz.