Aos 11 anos não falava e aos 17 não escrevia. Hoje é o professor negro mais novo de Cambridge
Depois de um diagnóstico de autismo, Jason Arday contrariou todas as expectativas médicas para provar que "tudo é possível". Dois mestrados e um doutoramento depois, vai lecionar sociologia em Cambridge. É um dos 155 professores negros de um universo de 23 mil docentes universitários britânicos.
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Diagnosticado com autismo aos três anos, Jason Arday não conseguiu aprender a falar antes dos 11 e esteve até aos 18 sem saber ler nem escrever. Hoje tem 37 anos, é um sociólogo altamente respeitado no meio e prepara-se para assumir o cargo de professor na Universidade de Cambridge.
O seu grande objetivo? Ter a oportunidade de desenvolver o trabalho que começou nas universidades de Durham e Glasgow sobre a fraca representação das minorias étnicas no ensino superior. Encontrar forma de "abrir portas" a pessoas de "origens desfavorecidas e democratizar verdadeiramente" o ensino nas universidades, explica. Citado pelo britânico "The Guardian", Arday reconhece que Cambridge "já está a fazer mudanças significativas" nesse sentido, mas "há muito mais a ser feito".
O docente de sociologia da educação nasceu e cresceu em Clapham, no sul de Londres. Apesar de os terapeutas estarem convencidos de que o jovem precisaria de apoio constante ao longo da vida, na sequência do diagnóstico de autismo, Jason começou a eliminar dificuldades, uma a uma. Aprendeu a ler e a escrever na adolescência - antes só comunicava por sinais - com o apoio do docente universitário e amigo Sandro Sandri.
Depois, formou-se em Educação Física e em Educação na Universidade de Surrey. A dada altura, e depois de muitas dificuldades na realização dos primeiros trabalhos académicos, começou a divertir-se a estudar. Durante o dia trabalhava como professor de educação física e à noite concentrava-se noutro curso, o de sociologia. Para pagar os estudos ainda arranjava tempo para um part-time na sapataria Sainsbury's and Boots. Quase sem dar por ela já tinha concluído dois mestrados e um doutoramento.
A 6 de março começa uma nova aventura, tornando-se o professor negro mais novo de Cambridge (um dos 155 negros de 23 mil docentes universitários do Reino Unido).
"Sabia que não tinha necessariamente muito talento, mas também sabia o quanto queria trabalhar", explicou, deixando uma garantia. "Tudo é possível".