O apresentador da estação de televisão CCTV Zhu Jun foi acusado de assédio sexual pela estagiária Zhou Xiaoxuan. Dois anos depois, o caso está a decorrer no tribunal de Pequim, na China. "Se ganhar, isto encorajará muitas mulheres a contarem as suas histórias. Se perder, continuarei a apelar até que seja feita justiça", diz a jovem.
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Zhou Xiaoxuan, agora com 27 anos, conta que, em 2014, foi vítima de assédio sexual, quando estava com o apresentador no camarim. Zhu perguntou-lhe se depois de terminar o estágio queria continuar a trabalhar para o canal de televisão e, de seguida, apalpou-a e beijou-a à força, relata.
Zhou ganhou coragem para revelar a sua história nas redes sociais em 2018, momento em que o movimento #MeToo surgiu nos Estados Unidos e começou a ser debatido mundialmente. A jovem diz que não se arrepende de ter tornado o seu caso público e que, mesmo que não seja bem-sucedido, servirá para influenciar outras mulheres a falarem. O código civil da China alargou a definição de assédio sexual, em maio, mas muitas mulheres ainda permanecem em silêncio. Várias optam por não falar, uma vez que na sociedade conservadora da China as vítimas também podem ser consideradas culpadas.
Inicialmente, o processo judicial foi apresentado ao abrigo da lei dos "direitos de personalidade", abrangendo direitos relacionados com a saúde e o corpo de um indivíduo, mas agora os advogados de Zhou solicitaram que fosse considerado ao abrigo da nova legislação.
No início, a polícia disse-lhe que a sua queixa iria afetar a imagem da televisão onde o apresentador trabalha e ferir os sentimentos daqueles que o admiram. Antes da audiência começar, esta quarta-feira, a jovem revela ter sido acusada de ter um distúrbio e afirma que: "no processo de recolha de provas que remontam a 2014, tive de reviver a minha experiência vezes sem conta. Foi uma tortura e uma humilhação", avança a BBC News.
Zhu Jun negou todas as acusações e abriu um processo judicial contra Zhou, acusando-a de prejudicar a sua reputação, bem como a sua saúde mental. "Estas experiências fazem-nos sentir que a nossa existência é muito insignificante", afirma a jovem ao jornal "The Guardian".
Cerca de 100 pessoas demonstraram o apoio a Zhou, à porta do tribunal distrital de Haidian, segurando vários cartazes com a palavra #MeToo. "Se ganhar, isto encorajará muitas mulheres a contarem as suas histórias. Se perder, continuarei a apelar até que seja feita justiça", diz.
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