
A ministra do Ambiente portuguesa, Maria da Graça Carvalho
Foto: Pablo Porciuncula / AFP
Os países reunidos na Conferência do Clima COP30, em Belém do Pará, no Brasil, aprovaram o projeto final de acordo sem menção às energias fósseis e querem ver triplicado o financiamento para a adaptação climática dos países em desenvolvimento.
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A União Europeia chegou a acordo para aceitar a proposta de texto final da presidência da COP30 sobre alterações climáticas após conseguir incluir todas as suas "linhas vermelhas", disse este sábado a ministra do Ambiente portuguesa.
"As nossas linhas vermelhas estão todas lá. (...) e à última hora conseguimos um acordo, o que é muito bom", disse Maria da Graça Carvalho aos jornalistas portugueses após uma longa reunião do grupo para chegar a acordo sobre como votar a proposta da presidência brasileira.
Presidência brasileira promete lançar roteiro para o abandono dos combustíveis fósseis
O presidente da conferência do clima de Belém prometeu no plenário final lançar um roteiro para abandonar os combustíveis fósseis e outro para parar e reverter a desflorestação.
"Como presidente da COP 30, criarei dois roteiros: um sobre travar e reverter a desflorestação e outro sobre o abandono dos combustíveis fósseis de maneira justa, ordenada e equitativa", disse André Correa do Lago, cuja declaração motivou um forte aplauso das delegações no plenário.
O presidente da COP30 acrescentou que estes roteiros serão "guiados pela ciência e serão inclusivos".
Após reconhecer que muitos dos Estados presentes tinham "ambições maiores para alguns temas" em discussão, o responsável disse que algumas discussões "muito importantes" precisam de ser continuadas pela presidência brasileira até à próxima COP, que acontecerá no próximo ano na Turquia.
Prometeu, por isso, "diálogos de alto nível reunindo importantes organizações internacionais, governos de países produtores e consumidores, setor industrial, trabalhadores, académicos e a sociedade civil". E referiu-se à primeira conferência internacional para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, que deverá acontecer em abril na Colômbia. "Quero reafirmar que tentarei não dececioná-los durante minha presidência".
O roteiro, ou mapa do caminho, como lhe chamou a presidência brasileira da COP30, foi um tema lançado pelo próprio presidente do Brasil, Lula da Silva, na cimeira de líderes que antecedeu a conferência de Belém, e foi defendido por mais de 80 países.
Ao longo da conferência, que decorreu nas duas últimas semanas, foi exigido por mais de oitenta países, mas acabou por não constar do texto final da COP30 devido à oposição dos países produtores de petróleo, nomeadamente os países árabes, liderados pela Arábia Saudita, bem como pela Rússia, Índia e China.
A ministra do Ambiente já tinha dito antes aos jornalistas que o presidente da COP30 tinha prometido retomar a questão após o fim da COP30.
"Há a promessa da própria presidência brasileira - que nos disse que aqui teve de ser neutra, porque era a presidência, - de no próximo ano promover reuniões internacionais no roteiro dos combustíveis fósseis e na floresta, portanto isso não vai cair", disse Maria da Graça Carvalho após sair de uma reunião das delegações da União Europeia na conferência do clima de Belém, a COP30, em que foi acordado aceitar o texto final da presidência brasileira.
A COP30 começou no dia 10 na cidade de Belém, na Amazónia brasileira, e terminou oficialmente na sexta, mas foi prolongada para os países chegarem a acordo sobre os textos finais.
