Telavive foi a primeira paragem do presidente no Médio Oriente, mas é em Jidá que se antecipam os maiores desafios.
Corpo do artigo
Pela primeira vez no Médio Oriente enquanto presidente dos EUA, Joe Biden chegou esta quarta-feira a Telavive para reforçar os laços com Israel. A viagem segue no sábado até à Arábia Saudita, onde, de acordo com a Casa Branca, o principal objetivo é normalizar as relações com Israel, o que ficou consagrado nos Acordos de Abraão, assinados em 2020 - embora não haja nenhuma proposta formal de paz.
"Vamos aprofundar as nossas relações e trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios globais", frisou Biden na cidade israelita, onde foi recebido pelo primeiro-ministro israelita, Yair Lapid, e o presidente do país, Isaac Herzog, ao que se seguiu uma visita simbólica ao Museu do Holocausto "Yad Vashem", em Jerusalém, antes do encontro de quinta-feira com os responsáveis palestinianos.
Além de querer estimular a relação "profunda até aos ossos" que mantém com Israel, Biden pretende promover laços que tragam "mais estabilidade" na região, mas estes argumentos não convencem os críticos. Em comunicado, a Amnistia Internacional (AI) salienta que "a falta de responsabilização do Governo pelas violações é perpetuada pelos EUA", acrescentando que "a administração Biden deve cessar o fornecimento de armas aos militares israelitas".
Apesar de ter recusado dialogar com Mohammed bin Salman, após ser divulgado o relatório da CIA que aponta o príncipe herdeiro como o culpado pelo assassínio de Jamal Khashoggi, Biden dá um passo atrás de olhos postos na estabilização dos preços do petróleo.
É confirmado que, em Jidá, na Arábia Saudita, o democrata irá participar numa conferência de aliados do Golfo, onde terá a oportunidade de conversar com autoridades sauditas. O líder dos EUA está sob pressão para baixar os preços do combustível, esperando-se que apele aos países para que expandam a produção de petróleo.
Visita de "grande interesse"
Numa altura em que o contexto internacional exige mudanças nas relações entre estados, os EUA não escondem que se movem em busca de alternativas. No último sábado, Biden antecipou, num artigo de opinião no "The Washington Post", que a visita era "de grande interesse", lembrando que os "recursos energéticos [do Médio Oriente] são vitais para mitigar o impacto sobre o abastecimento global da guerra na Ucrânia".
No entanto, a AI lembra que a Arábia Saudita atropela os direitos humanos, defendendo que antes das negociações, estas questões devem ser lembradas. O estado reprime "ativistas, jornalistas independentes e escritores", lê-se no comunicado, que apela ainda a que o presidente pressione "as autoridades sauditas a libertar todas as pessoas detidas".
Embora os EUA assegurem que a viagem ao Médio Oriente tem como meta promover a estabilidade na região e combater a influência iraniana (ler caixa), este pode ser mais um fator a contribuir para a baixa popularidade que Biden tem vindo a conquistar.
Presidente do Irão defende que visita não trará segurança
No dia em que Joe Biden aterrou em Israel, o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, avisou que a viagem do presidente ao Médio Oriente não trará segurança a Israel - um país considerado inimigo. "Se as visitas de autoridades norte-americanas aos países da região visam fortalecer a posição do regime sionista com certos Estados, esses esforços não trarão segurança" a Israel, declarou Raisi, que, no dia 19 de junho, irá receber o presidente russo, Vladimir Putin, num encontro onde "o planeamento da cooperação económica entre Teerão e Moscovo será a prioridade".
Décima visita do democrata
Esta é a décima vez que Joe Biden visita Israel desde que iniciou a sua carreira na política. A primeira vez aconteceu em 1973, quando era senador. A última ocorreu numa altura em que ainda era vice-presidente dos EUA, acompanhando o então presidente, Barack Obama, em 2016.
Convite à família de Shireen Abu Akleh
O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, convidou a família da jornalista Shireen Abu Akleh, morta em maio quando efetuava uma reportagem na Cisjordânia ocupada, para uma reunião em Washington, anunciou a Casa Branca.