O presidente catalão Artur Mas disse, este sábado, que os autarcas da Catalunha "não devem temer nada" por cederem locais para a consulta independentista de domingo, considerando que é um ato sustentado em direitos "fundamentais".
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Numa entrevista à televisão catalã TV3, Artur Mas confirmou ainda que será o Governo regional que fará a contagem dos votos e que comunicará os resultados.
Os comentários de Mas surgem depois de fontes judiciais terem confirmado que a procuradoria do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha, a instância da Procuradoria-Geral do Estado espanhol, está a investigar se o uso de locais públicos para o processo participativo de domingo é ou não um delito.
As fontes judiciais confirmaram que o objetivo é determinar se o uso de edifícios cedidos pelo Governo regional e pela quase totalidade das autarquias catalãs para o voto - que está suspenso pelo Tribunal Constitucional (TC) - é ou não um delito.
Em reação, Artur Mas disse que os alcaides devem estar tranquilos, porque o que se fará no domingo "é uma coisa natural e normal", ainda que haja quem "o tenha tentado impedir a todo o custo".
Segundo o presidente catalão, o processo participativo de domingo sustenta-se nos direitos de expressão e participação, que são " fundamentais", disse, questionado sobre se pensa que haverá uma ordem da procuradoria à polícia regional (Mossos d'Esquadra) para que feche os locais de voto ou retire as urnas.
"Por pouco sentido comum que tenham, qualquer ação fora de lugar seria um ataque direto à democracia e aos direitos fundamentais de expressão e de participação das pessoas", afirmou.
Mas disse que o Governo trabalhou para que esteja "tudo pronto" no domingo, num processo feito em "triângulo" com o Governo regional numa vértice, centenas de autarquias noutra e voluntários na terceira.
Sobre o futuro depois da consulta, Artur Mas confirmou que vai escrever ao presidente do Governo espanhol, porque continua a acreditar que "não se deve perder o conceito de diálogo" nem "a convivência entre a Catalunha e Espanha".
Explicou ainda que, a partir da próxima semana, ouvirá todos os partidos soberanistas na Catalunha para negociar umas possíveis eleições plebiscitárias, reiterando que tudo depende de os partidos chegarem ou não a acordo.