As muitas batalhas de DeSantis e a Casa Branca como meta

O governador da Florida, Ron DeSantis, anunciou esta quarta-feira a entrada na corrida para ser o candidato presidencial, em 2024, dos Republicanos. A declaração ocorreu ao final da noite, numa conversa com Elon Musk no Twitter, após DeSantis ter submetido documentos na Comissão Eleitoral Federal para oficializar a candidatura. O governador, principal adversário do ex-presidente Donald Trump nas primárias republicanas, tem sido o foco de atenção devido às diversas batalhas legais que tem suscitado na Florida em temas como imigração, direitos LGBT e armas de fogo.

Ron DeSantis, ex-militar da Marinha que foi membro da Câmara dos Representantes entre 2013 e 2018, assumiu o cargo de governador em 2019. Em 2022, DeSantis teve uma triunfante vitória, apesar da deceção da "onda vermelha" nas intercalares, sendo reeleito com uma vantagem de quase 20 pontos percentuais em relação ao adversário democrata.

O resultado lançou o governador como forte concorrente para as primárias presidenciais republicanas de 2024. O entusiasmo diminuiu, no entanto, nas últimas semanas, pois as mais recentes sondagens dão a DeSantis cerca de 20% dos votos nas eleições internas do partido, enquanto Donald Trump reúne mais de 53%, segundo o agregador FiveThirtyEight. Em março, o ex-militar tinha por volta de 30%, enquanto que o antigo presidente contava com 45% das intenções de voto.

Uma medida que pode afetar DeSantis nas urnas, principalmente entre os latinos, é uma nova lei imigratória promulgada este mês. O diploma, em vigor a partir de 1 de julho, obriga empresas com 25 ou mais funcionários a verificarem o estatuto migratório dos trabalhadores, sob o risco de pesadas multas. O mesmo vale para os hospitais que aceitam o programa de ajuda de custo para despesas médicas, o Medicaid. A Florida tem cerca de 800 mil imigrantes não documentados, que trabalham principalmente em setores como a construção civil, os serviços de saúde e a agricultura. A Imprensa noticiou, nos últimos dias, um êxodo para outros estados de imigrantes que temem a nova legislação, o que poderá atingir a economia da Florida em cheio.

Disney processou estado

Outro anúncio que impactou financeiramente o estado de DeSantis foi a desistência da Disney, na semana passada, em construir um empreendimento no valor de mil milhões de dólares (mais de 900 milhões de euros) em Lake Nona, perto de Orlando, onde funcionários da empresa iriam morar e trabalhar. A gigante do entretenimento, que se opôs a uma nova lei anti-LGBT, está no meio de um processo contra o estado da Florida, alegando que DeSantis está numa campanha de retaliação. O Governo estadual assumiu o controlo da região administrativa especial onde estão localizados os parques temáticos, criada nos anos de 1960 e comandada desde então pela empresa mediática.

Chamada pela oposição de lei "Don't Say Gay", a nova legislação proíbe a discussão nas salas de aula sobre temas como a orientação sexual ou a identidade de género. A lei fez com que professores temessem responder a qualquer pergunta relacionada com pessoas LGBT, enquanto bibliotecas escolares retiraram livros das prateleiras para evitarem processos.

Porte de armas

Ron DeSantis promulgou, em abril, uma lei que permite o porte de armas de fogo em locais públicos sem a necessidade de uma autorização do estado. O governador da Florida justificou o diploma por ser uma "questão constitucional" dos Estados Unidos.

Aborto proibido após seis semanas

O governador promulgou, também em abril, uma legislação que proíbe o aborto após seis semanas de gestação. Em casos de violação ou incesto, a lei permite a interrupção até 15 semanas, se a vítima facultar documentos comprovativos.

Financiamento da campanha

DeSantis tem pelo menos 116 milhões de dólares arrecadados - 86 milhões que sobraram da reeleição estadual e 30 milhões angariados no primeiro mês do comité para a campanha de 2024, segundo o jornal "USA Today". Donald Trump tem 86 milhões arrecadados.