O atacante que matou seis pessoas à facada num shopping da Austrália sofria de esquizofrenia e teria como alvo apenas mulheres. O pai do assassino revelou que estaria frustrado por não ter namorada. Além das seis vítimas mortais, mais uma dúzia de pessoas sofreram ferimentos.
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Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram Joel Cauchi com a barba por fazer a perseguir as vítimas, na sua maioria mulheres, enquanto atravessava o vasto e lotado complexo comercial Westfield, em Bondi Junction, na tarde de sábado. Cinco das seis vítimas mortais eram mulheres, assim como a maioria dos feridos.
“Os vídeos falam por si, não é? E essa é certamente uma linha de investigação para nós”, afirmou a comissária da polícia de Nova Gales do Sul, Karen Webb. “Isso é óbvio para mim, é óbvio para os detetives, parece ser uma área de interesse – que o agressor se concentrou nas mulheres e evitou os homens”, disse ela à emissora nacional ABC.
Webb enfatizou que a polícia não tinha como saber o que se passava na mente do agressor, que foi morto a tiro por um agente.
“É por isso que é importante agora que os detetives passem tanto tempo a entrevistar aqueles que o conhecem.”
O perfil de Cauchi no Facebook diz que frequentou uma escola secundária e uma universidade Toowoomba, perto de Brisbane.
Os pais dizem que o atacante sofria de problemas de saúde mental desde a adolescência.
"Amar um monstro"
Andrew Cauchi, pai do homicoda, afirmou à Imprensa local que estava “destroçado” e não sabia o que levou o filho a matar.
“Isto é tão horrível que nem consigo explicar”, afirmou aos jornalistas, em Queensland. “Tornei-me servo do meu filho quando descobri que ele tinha uma doença mental.”
“Fiz tudo o que estava ao meu alcance para ajudar o meu filho”, afirmou, visivelmente angustiado. "Sinto muito, não há nada que eu possa fazer ou dizer para trazer os mortos de volta."
Andrew Cauchi disse acreditar que o seu filho atacava principalmente mulheres porque “ele queria uma namorada, não tinha habilidades sociais e estava frustrado”.
"É meu filho e eu amo um monstro. Para vós ele é um monstro, para mim ele era um menino muito doente". A última das seis vítimas de Joel Cauchi a ser identificada foi Yixuan Cheng, uma jovem chinesa que era estudante na Universidade de Sidney.
Em resposta ao assassinato, Pequim disse que as suas embaixadas e consulados “exortaram o lado australiano a fazer o seu melhor para tratar os feridos” e também pediram à Austrália que “forneça ativamente assistência total aos familiares para irem à Austrália para lidar com as consequências e prestem muita atenção ao progresso da investigação”, pediu o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian.
As outras mulheres mortas eram uma designer, uma salva-vidas voluntária no surf, a filha de um empresário e uma recém-mamã cujo bebé ferido de nove meses está no hospital. A mulher, Ashlee Good, de 38 anos, entregou a filha a sangrar a estranhos em desespero antes de ser levada às pressas para o hospital, onde morreu devido aos ferimentos. A criança está em estado grave.
A única vítima do sexo masculino foi o paquistanês Faraz Tahir, de 30 anos, que trabalhava como segurança quando foi esfaqueado.
Oito feridos no hospital, alguns em estado crítico
Um total de oito pessoas feridas no ataque permanecem no hospital – algumas em estado crítico – depois de quatro terem recebido alta nas últimas 24 horas, revelaram as autoridades.
O ataque de Joel Cauchi, que durou cerca de meia hora, só acabou quando a inspetora de polícia Amy Scott o localizou e matou-o a tiro.
Acredita-se que Joel Cauchi tenha viajado para Sidney há cerca de um mês e alugado um pequeno depósito na cidade, segundo a polícia. Continha pertences pessoais, incluindo uma prancha de bodyboard.
Morava num veículo e em albergues e mantinha contato apenas esporádico com a família através de mensagens de texto, contram os pais.
Homenagens às vítimas
Um monte de flores cresceu fora do shopping Bondi enquanto as pessoas prestam homenagem às vítimas do ataque. Bandeiras em todo o país foram colocadas a meia haste.
A Sidney Opera House vai ser iluminada com fita preta à noite.
O primeiro-ministro Anthony Albanese disse que conversou com as famílias de algumas vítimas. “A divisão de género é obviamente preocupante – cada vítima aqui está de luto”, afirmou à rádio ABC, prometendo uma investigação policial “abrangente”.
Um inquérito público será realizado sobre o ataque, disse o primeiro-ministro do estado de Nova Gales do Sul, Chris Minns, aos jornalistas.
Também a resposta policial e a investigação criminal, e as interações do assassino com as autoridades estaduais de saúde vão ser escrutinadas.