A Rússia anunciou ter intercetado 251 drones ucranianos durante a noite, num dos maiores ataques de Kiev em três anos e meio de conflito, particularmente intenso na região do mar Negro.
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Segundo o Ministério da Defesa russo, 40 drones foram abatidos sobre a península ucraniana da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, 62 sobre o mar Negro e cinco sobre o mar de Azov.
As autoridades regionais de Belgorod informaram que os bombardeamentos, que atingiram centrais elétricas, provocaram cortes de energia em 24 localidades, incluindo a capital regional. Estes ataques deixaram cerca de 40 mil pessoas sem energia, embora o serviço tenha sido parcialmente restabelecido esta manhã.
Entretanto, os canais locais do Telegram reportaram incêndios numa central termoelétrica em Bryansk, num depósito de petróleo na Crimeia e numa fábrica de explosivos em Nizhny Novgorod.
Os ataques tiveram como alvo 15 regiões russas. Os territórios mais afetados foram a Crimeia (40 drones intercetados); Kursk (34); Belgorod (30); Nizhny Novgorod (20); Voronezh (17); e Krasnodar (11).
Outros oito drones foram abatidos enquanto sobrevoavam as regiões de Bryansk e Tula, quatro sobre Ryazan e ainda foram abatidos drones em Vladimir (2), Ivanovsk (2), Kaluga (2), Tambov (2) e Oryol (2). Um drone foi abatido em Lipetsk e outro na região de Moscovo.
No domingo, a Rússia lançou o maior ataque, desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022, contra a região de Lviv, que faz fronteira com a Polónia, de acordo com o chefe da Administração Militar Regional da Ucrânia, Maksim Kozitskí.
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Cerca de 140 drones e 23 mísseis foram direcionados Lviv e o ataque obrigou a Polónia e os seus aliados da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) a ativarem o seu alerta máximo e os sistemas de defesa e de reconhecimento.
Desde o início da ofensiva russa, em fevereiro de 2022, Moscovo lança quase diariamente drones e mísseis sobre a Ucrânia, que responde regularmente com ataques ao território russo.
Kiev costuma visar as infraestruturas energéticas russas, mas os ataques são geralmente limitados a algumas dezenas de drones.
Por seu lado, Moscovo intensificou as agressões à rede elétrica ucraniana nos últimos dias, temendo-se uma campanha destinada a mergulhar o país na escuridão com a aproximação do inverno, como aconteceu em 2024.
No final de setembro, Moscovo exercia controlo total ou parcial sobre 19% do território ucraniano, de acordo com a análise da agência de notícias France-Presse (AFP) aos dados fornecidos pelo Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), organização norte-americana.
Cerca de 7% - a Crimeia e zonas do Donbass - já estavam sob controlo antes do início da invasão russa em fevereiro de 2022.
Enquanto os esforços diplomáticos empreendidos pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, durante o verão para pôr fim ao conflito ficaram paralisados, o avanço do exército russo voltou a abrandar em setembro.
A Rússia conquistou 447 quilómetros quadrados (km²) aos ucranianos, acentuando a desaceleração iniciada em agosto (594 km²) após um pico em julho (634 km²).