O ciberespaço é um "domínio operacional" tão vital como a terra, o ar e o mar e um ataque informático de grande escala ou uma série de ciberataques podem desencadear uma resposta coletiva por parte da NATO, assegurou ao JN fonte oficial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês).
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Ainda antes da invasão, o governo russo promoveu uma série de ataques informáticos às infraestruturas essenciais da Ucrânia. Há suspeitas de que esta também possa ter sido a origem de vários ciberataques recentes que afetaram vários países ocidentais, incluindo Portugal.
Para a NATO, uma agressão no ciberespaço não é diferente de uma agressão terrestre, aérea, marítima ou espacial. "É um domínio operacional; como tal, inclui-se na tarefa nuclear da NATO que é a defesa coletiva". A mesma fonte acrescenta que "o impacto cumulativo de várias ciberatividades maliciosas pode, em certas circunstâncias, ser considerado como um ataque armado".
"Os países aliados da NATO já deixaram claro que um ciberataque sério pode acionar o Artigo 5 - a cláusula de defesa coletiva do tratado fundador", frisa. Não especula sobre a gravidade necessária para espoletar uma reação, mas avança que, para tal ocorrer, basta o Conselho do Atlântico Norte reconhecer que um ciberataque ou uma campanha de atividades maliciosas ocorridos se incluem no espírito daquele artigo.
das sanções à guerra
Caso seja desencadeada uma resposta, ela "poderá passar por sanções diplomáticas e económicas, medidas cibernéticas ou até forças convencionais, dependendo da natureza do ataque. Seja qual for a resposta, a NATO irá continuar a seguir o princípio da contenção e a agir de acordo com a lei internacional", termina.
Recorde-se que, pouco antes da invasão, a Rússia começou a promover uma série de ataques informáticos a infraestruturas essenciais da Ucrânia, investidas que ainda prosseguem de modo a diminuir a capacidade de reação ucraniana.
Há duas semanas, várias agências de segurança norte-americanas acusaram piratas informáticos patrocinados pela Rússia de roubarem informações "sensíveis" sobre programas do Departamento de Defesa e serviços de inteligência dos Estados Unidos da América.
Em Portugal, só neste ano, várias entidades nacionais, incluindo grupos de Comunicação Social, a Vodafone, um laboratório médico e até o site do Parlamento, foram vítimas de graves ataques informáticos de origem e motivos ainda por apurar.
Hackers em guerra contra governo russo
O coletivo de piratas informáticos Anonymous declarou oficialmente guerra informática ao governo russo. A decisão foi anunciada poucas horas depois da invasão da Ucrânia e já provocou danos. Vários sites governamentais russos foram retirados do ar e, ontem ao final da tarde, muitos continuavam inacessíveis.
Dias antes, os piratas já tinham conseguido paralisar o canal de informação estatal RT.com. Segundo os Anonymous, o objetivo da ação é libertar o povo russo da "máquina estatal de censura de Putin" e ajudar o povo ucraniano a manter-se "online".