Violência intensifica-se na cintura africana do Sahel. Saldo de 135 mortos só nas últimas semanas de junho.
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"A cadeia de terror incontrolável que atormenta o Sahel", como a define Laith Alkhouri, da fornecedora de inteligência Intelonyx Intelligence Advisory, voltou a atacar, agora no Burkina Faso. Investidas de grupos radicais, associadas a movimentos jihadistas, causaram 34 mortos e um número indeterminado de feridos.
Segundo fontes locais, citadas pela France-Presse, os ataques foram registados no noroeste do Burkina Faso, na noite de domingo e na madrugada de segunda-feira. "A população civil da comuna rural de Burasso foi alvo de um ataque covarde e bárbaro perpetrado por homens armados", acrescentou um comunicado do governador da região, Babo Pierre Bassinga.
"Os indivíduos armados primeiro deram uma volta pela cidade, disparando para o alto. Voltaram mais tarde, já de noite, e abriram fogo indiscriminadamente contra a população", explicou um habitante. O balanço do atentado elevou-se a 22 mortos.
O outro ataque ocorreu em Namissiguima, na província de Yatenga, onde se registaram 12 vítimas mortais, entre as quais três Voluntários para a Defesa da Pátria", milícias civis que lutam ao lado do Exército.
O Burkina Faso e os vizinhos Níger e Mali, bem como toda a cintura africana do Sahel, do Atlântico à Eritreia, são territórios atingidos desde 2015 por atentados jihadistas, perpetrados por movimentos associados à Al-Qaida e ao Estado Islâmico. Estima-se que tenham causado mais de dois mil mortos e 1,9 milhões de deslocados. Só nas duas últimas semanas de junho, os ataques intensificaram-se e causaram pelo menos 135 mortos em 12 ataques jihadistas, de acordo com um relatório de segurança interna para trabalhadores humanitários, revelado pela Associated Press.
Golpe militar
O presidente democraticamente eleito do Burkina Faso foi derrubado em janeiro, por um golpe de militares insurgentes, que prometeram proteger o país, mas a violência aumentou. Cerca de 530 incidentes violentos ocorreram entre fevereiro e maio, mais do dobro do nível durante o mesmo período de 2021, de acordo com o Armed Conflict Location & Event Data Project.
Numa tentativa de conter a violência, foi anunciada, em junho, a criação de duas zonas militares nas regiões mais atingidas do Leste e do Sahel, forçando os civis a deixar as suas casas e levantando preocupações de que isso iria piorar a crise dos deslocados.