Ativistas brasileiros detidos por Israel recorrem a "vaquinha" para regressar ao país
Enquanto em Portugal o Governo cobra o repatriamento aos detidos da flotilha, no Brasil, os treze ativistas libertados por Israel lançaram uma "vaquinha" para financiar o regresso, dizendo que o Estado ainda não se propôs a pagar as passagens.
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Treze brasileiros detidos por Israel durante a viagem da flotilha humanitária Global Sumud lançaram uma campanha de recolha de fundos online para custear o regresso ao país. O grupo foi deportado na segunda-feira e chegou à Jordânia na terça-feira, de onde aguarda transporte de regresso ao Brasil.
No caso português, quatro ativistas - Mariana Mortágua, Sofia Aparício, Miguel Duarte e Diogo Chaves - foram detidos nas mesmas circunstâncias e repatriados pelo Estado português. Diferentemente do Brasil, o Governo adiantou o valor das passagens, mas enviou posteriormente aos detidos um formulário de pedido de reembolso, suscitando críticas públicas de Mortágua, não só como visada, mas também como deputada e líder parlamentar do Bloco de Esquerda.
Num comunicado divulgado pela delegação brasileira da flotilha, os organizadores afirmam que "o governo brasileiro ainda não se propôs a pagar as passagens dos participantes", o que motivou a criação de uma "vaquinha" digital. A iniciativa apela à solidariedade de apoiantes e de movimentos sociais para garantir que todos possam regressar em segurança.
Sem apoio do Estado, solidariedade popular
A Global Sumud Flotilla, que zarpou do porto de Gazimağusa, em Chipre, com destino à Faixa de Gaza, tinha como objetivo entregar ajuda humanitária e denunciar o bloqueio imposto por Israel. A embarcação foi intercetada pelas forças navais israelitas e os seus ocupantes detidos na prisão de Ktzi"ot, no deserto do Negueve.
Entre os treze brasileiros libertados encontram-se ativistas e representantes políticos, como a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) e a vereadora Mariana Conti (PSOL-SP). "Foi uma experiência dura, mas seguimos firmes na denúncia do apartheid e do genocídio contra o povo palestiniano", afirmou Lins à chegada à Jordânia.
Sem resposta oficial do governo de Brasília quanto ao repatriamento, os ativistas decidiram avançar por conta própria. "O pedido de arrecadação é um gesto de autonomia e solidariedade colectiva", lê-se no apelo. Até ao final da tarde de terça-feira, a campanha já somava centenas de contribuições de simpatizantes dentro e fora do Brasil.