Novas detenções em massa de pessoas homossexuais reacenderam o debate sobre a forma como a polícia aplica a lei que proíbe relações entre pessoas do mesmo sexo e renega abusos contra a comunidade LGBTQ+.
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“Eles [autoridades nigerianas] estão a explorar a lei para atingir pessoas, sejam elas homossexuais ou não. Há uma tendência para atacar com base em suposições ou alegações, e não com base em investigação”, disse Okechukwu Nwanguma, diretor do Centro de Defesa do Estado de Direito e da Responsabilização. “Desde que a Lei da Proibição do Casamento entre Pessoas do Mesmo Sexo entrou em vigor, os ataques, o assédio, a chantagem e a extorsão da comunidade LGBTQ+ aumentaram a uma velocidade perturbadora. A Polícia da Nigéria deveria priorizar a segurança de todos e não fomentar mais discriminação”, acrescentou.
A legislação, implementada em 2013, proíbe relacionamentos homoafetivos, tornando-os puníveis com até 14 anos de prisão. As detenções ao abrigo desta lei têm sido comuns, o que contribui para aumentar o sentimento de ódio enraizado contra a comunidade LGBTQ+, afirmam organizações de direitos humanos.
No passado sábado, 76 jovens foram detidos – 59 homens e 17 mulheres –, no estado de Gombe, por alegadamente “realizarem aniversários homossexuais” e “intencionarem realizar um casamento entre pessoas do mesmo sexo”, indicou a acusação. Em agosto, outras 200 pessoas foram detidas, sendo que 67 acabaram por ficar sob custódia, por estarem a celebrar um casamento gay na cidade de Ekpan.
"Estamos em África e estamos na Nigéria. Não podemos copiar o mundo ocidental porque não temos a mesma cultura. Isto [homossexualidade] não é algo que será permitido", garantiu a polícia, em conferência de imprensa. A diretora da Amnistia Internacional na Nigéria apelou ao “fim imediato desta caça às bruxas”, garantindo que se trata de uma “violação grosseira dos direitos humanos”.